Cinco coisas que (ainda) não sabemos sobre a covid-19, segundo um especialista
Quando surgiram os primeiros casos de covid-19, em Wuhan, na China, o mundo não estava preparado para o que se avizinhava. O novo coronavírus rapidamente se alastrou para os outros continentes e deixou os países e os respectivos governos com pouco tempo de ação para conseguirem controlar a pandemia. Agora, passados seis meses desde os primeiros casos, o presidente da Sociedade Espanhola de Imunologia (SEI), Marcos López Hoyos, considera que há ainda cinco aspectos-chave que não sabemos sobre a covid-19.
Em primeiro lugar, o vírus não se assemelha à gripe, mas a outros coronavírus, pelo que não sabemos que possíveis mutações é que vai ainda poderá sofrer. “Quanto mais tempo permanecer entre nós, mais provável é que mude para um vírus menos virulento e continue a ser um vírus sazonal”, segundo o presidente da SEI, em declarações ao Infosalus.
O especialista acredita também que temos de aprender a viver com o vírus e tentar combatê-lo ao máximo. “Esperamos ter uma vacina o mais cedo possível, no entanto teremos de esperar, pelo menos, até à Primavera para ter doses suficientes para a população em geral”. O médico considera também que, a seu tempo, vão aparecer tratamentos mais específicos para a covid-19 ainda durante este ano.
Sobre este ponto, López Hoyos garante que a vacina será “sem dúvida” segura. “Não há vacina no mercado que não seja segura e fiável. A capacidade de prevenir a doença também será clara. Esta é a base das vacinas, ainda mais poderosa do que a transmissão da doença. Além disso, os ensaios da fase 3 destinam-se a verificar que a vacina não só previne a infecção, mas também é capaz de combater a ‘agressividade’ da infecção”.
Contudo, o epidemiologista indica que a questão é saber se será ou não necessário reforçar a vacinação – algo que, diz, dependerá da duração da resposta imunológica específica que a vacina gera, tanto a nível de anticorpos como de células T. “Para conhecer a duração e o tipo de resposta que geram, há estudos em curso nos ensaios que estão a ser realizados até agora”, afirma.
Outro aspecto-chave que ainda precisamos de saber sobre a covid-19 é o facto de ainda não ser claro que tipo de resposta é fundamental no controlo da infecção. “Parece que a resposta de anticorpos não é tudo, nem parece que vá durar muito tempo. Estima-se que seja de cerca de 6 meses. O trabalho mais recente que surgiu parece indicar que induz um tipo de resposta celular T CD4 e T CD8 que poderia durar um pouco mais ( cerca de 2 anos)”, diz ainda o médico.
Neste sentido, sustenta que tudo dependerá da duração das respostas imunitárias e também das possíveis reinfecções. Sobre este ponto, ressalva que “os casos estão a ser investigados em todo o mundo e ainda vão surgir provas mais claras. Em qualquer caso, não serão muitos e, se forem provados, teremos de ver o tipo de resposta que foi induzida na primeira infecção e por que razão não protege contra a segunda infecção”. Nestas situações, também deve ser considerado o reforço das doses da vacina, avisa López Hoyos.
O especialista assinala, por último, que é necessária mais investigação para descobrir por que razão há pessoas assintomáticas e se tal se deve à sua resposta imunitária. Na sua opinião, é lógico que estas pessoas têm uma resposta imunitária suficiente para combater o vírus mesmo que estejam infectadas, embora saliente que o problema dos assintomáticos é que não tem sido possível estudar largamente a sua resposta imunitária no momento da infecção.