Cientistas descobrem o motivo pela qual a crosta terrestre está a “afundar-se” na Turquia

A Turquia atravessa um fenómeno geológico intrigante, segundo revelaram dados recentes de satélite: a análise revelou que estão a decorrer mudanças na Bacia de Konya, no Planalto Central da Anatólia, o que lançou nova luz sobre a evolução tectónica da região.

Um estudo publicado por cientistas da Universidade de Toronto, publicado na revista ‘Nature Communications’, explicou o enigmático afundamento da bacia dentro do interior do planalto ascendente. Recorde-se que a Turquia fica na convergência de múltiplas placas tectónicas, o que torna a região sismicamente ativa – o país está situado na intersecção das placas Eurasiática, Árabe e Africana, com a microplaca da Anatólia ‘entalada’ entre elas.

A equipa de especialistas, liderada por Julia Andersen, observou uma característica circular na Bacia de Konya onde a crosta está a afundar – uma descoberta que conduziu a uma investigação mais profunda em dados geofísicos debaixo da superfície, que viria a revelar uma anomalia sísmica no manto superior e uma crosta espessada. Segundo o estudo, o afundamento da bacia é um processo conhecido como ‘gotejamento litosférico’ em múltiplos estágios.

Este fenómeno ocorre quando há fragmentos densos de rochas por baixo da superfície que se desprendem e afunda na camada mais fluída do manto do planeta, o que resulta na formação de grandes acidentes geográficos, como bacias e dobramentos montanhosos da crosta.

Essa descoberta contribui para a crescente compreensão de uma nova classe de placas tectónicas, com potenciais implicações para planetas como Marte e Vénus, que não apresentam placas semelhantes à Terra.

Para validar suas observações, os investigadores conduziram experiências de laboratório usando uma mistura de materiais para simular as camadas da Terra. As experiências demonstraram eventos de gotejamento primário e secundário, refletindo os processos observados na Bacia de Konya – o Planalto Central da Anatólia subiu até um quilómetro nos últimos 10 milhões de anos devido ao gotejamento litosférico.

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