Cientistas descobrem duas novas linhagens do coronavírus em morcegos

Cientistas da Nova Zelândia detetaram duas novas linhagens do coronavírus em morcegos, que apresentam uma taxa de infeção que atinge mais de 60% em algumas espécies. A comunidade científica tem mostrado que muitas das doenças que assolam o mundo moderno têm tido origem em reservatórios animais. Os morcegos, em particular, são uma fonte rica das doenças zoonóticas graças à sua capacidade única do seu sistema imunitário.

Estudar os vírus presentes nas populações de morcegos é, portanto, essencial para o mundo se preparar para uma futura pandemia. “Os morcegos de países temperados têm uma fisiologia peculiar, como o torpor (diminuição da temperatura corporal e do metabolismo), o que poderia aumentar a sua capacidade de serem infetados por vírus”, referiu Pablo Tortosa, investigador de doenças infeciosas e tropicais da University of La Reunion em declarações à revista ‘Newsweek’.

“A insularidade da Nova Zelândia também é interessante do ponto de vista evolutivo – estes morcegos e os seus vírus estão fora de contacto com outras populações de morcegos há milhões de anos, o que fornece uma estrutura ideal para estudar a evolução a longo prazo dos vírus, incluindo coronavírus”, referiu.

O SARS-CoV-2 – responsável pela pandemia da Covid-19 – é apenas uma das muitas linhagens de coronavírus, que podem ser classificadas em quatro grupos: Alfacoronavírus, Betacoronavírus, Gammacoronavírus e Deltacoronavírus.

“Todos os coronavírus que levaram a grandes epidemias humanas – por exemplo, SARS e MERS – são betacoronavírus”, indicou Tortosa, cuja equipa examinou a presença de linhagens de coronavírus em duas espécies de morcegos locais: o morcego de cauda curta e o morcego de cauda longa, tendo descoberto duas novas linhagens distintas de alfacoronavírus.

A prevalência de coronavírus no morcego de cauda curta era bastante baixa, mas nos morcegos de cauda longa mais de 60% dos indivíduos amostrados estavam infetados.

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