Cientistas denunciam perigos dos níveis de poluição no ar. Risco de internamento dispara até 30% na UE, EUA e Reino Unido

A poluição atmosférica com fuligem expelida por carros, camiões ou fábricas está a causar danos generalizados no coração e pulmões das populações, mesmo quando sujeitas e menores quantidades de exposição aos poluentes. As regulamentações governamentais na União Europeia (UE), Reino Unido e EUA ainda permitem riscos perigosos para a saúde pública, mesmo considerando a qualidade do ar “segura”, revelaram dois novos estudos.

Não existe um quantidade segura da forma microscópica de poluição atmosférica, que é conhecida como PM 2,5 (pequenas partículas de fuligem que medem menos do que a largura de um cabelo), para o coração e pulmões, segundo apuraram cientistas da Universidade de Harvard.

Mesmo em pequenas quantidades, os riscos de problemas de saúde grave aumentavam, observaram. Num estudo da Universidade de Harvard, citado pelo The Guardian, uma análise de 60 milhões de pessoas nos EUA com 65 anos ou mais, entre 2000 e 2016, descobriu que havia um risco aumentado de hospitalização por sete tipos principais de doenças cardiovasculares quando expostas aos níveis médios de PM2,5 encontrados no país-

O aumento de risco é significativo, com a média de poluição nos EUA a fazer com que disparem as hipóteses de hospitalização em quase um terço (29%), comparado com o nível seguro de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas até este limite, considerado “seguro” pela OMS, na realidade não o é, apurou o segundo estudo, publicado no British Medical Journal (BMJ). Os cientistas verificaram que um aumento significativo nas visitas hospitalares por doenças cardiovasculares e respiratórias, bem como visitas de emergência por problemas respiratórios, quando a exposição de curto prazo a PM2,5 estava abaixo do limite da OMS.

Gregory Wellenius, cientista ambiental da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston e coautor do segundo artigo assinala que “estamos a ver uma infinidade de efeitos desta poluição, desde doença pulmonar obstrutiva crónica até asma, e que está a afetar as pessoas em níveis muito baixos”.

“Estão todos a ser afetados, não apenas crianças e idosos. Falamos de pessoas de todas as idades destaca.

As partículas em causa também pode ser emitidas por incêndios florestais, que têm-se tornado mas comuns e intensos em alguns pontos do mundo devido às alterações climáticas. Quando inaladas, ficam alojadas nos pulmões, causando os problemas de saúde referidos.

Para além deste problema, as regulamentações governamentais não conseguiram acompanhar esta ameaça. Nos EUA, foi reforçado o padrão nacional de qualidade do ar para PM2,5, que reduz as emissões anuais permitidas de PM2,5 de 12 microgramas por metro cúbico para 9 microgramas por metro cúbico. Ainda assim, o valor é acima do limite da OMS de 5 microgramas por metro cúbico, pelo que os cientistas apontam que os dados e riscos para a população norte-americana continuarão.

Mas não é só nos EUA: No Reino Unido e em toda a UE, assinalam os investigadores, os milites de PM2,5 são também mais elevados do que as orientações da OMS, pelo que é feito um apelo urgente à necessidade de ‘cortar’ neste tipo de poluição.

“Temos visto impactos muito positivos na redução de PM2,5 em relação aos níveis anteriores. Houve enormes ganhos na saúde com a redução desta poluição, enquanto a economia continua a avançar fortemente. Não temos de escolher entre ganhos económicos ou de saúde. Podemos ter os dois e deveríamos ter os dois”, finaliza Wellenius.

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