Cientista-chefe da OMS alerta para dengue endémica na Europa que “vai sobrecarregar os sistemas de saúde”

Os casos de dengue na Europa estão em crescimento, com o mosquito-tigre-asiático, principal vetor de transmissão da doença (e também de zika, ou chikungunya), a ser detetado em cada vez mais locais e em maior número, incluindo em Portugal (detetado em Lisboa em setembro, segundo a DGS).

Estes mosquitos gostam de climas quentes e húmidos e, devido às alterações climáticas, estão a espalhar-se em locais onde antes não estavam, preferindo zonas tropicais. No entanto, este verão, segundo Jeremy Farrar, cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde, espalharam-se mais pela Europa, onde as temperaturas foram mais elevadas do que o habitual, e com várias ondas de calor.

Perante esta realidade, o responsável da OMS, avisa que “a dengue vai tornar-se endémica, certamente nos Estados Unidos e em partes da Europa”, em declarações ao Politico.

Com a doença a tornar-se endémica na Europa, isso terá grande impacto nos sistemas de saúde, já que, por exemplo, as crianças e população mais vulnerável podem precisar de internamento e cuidados médicos reforçados. “Isso irá sobrecarregar os nossos sistemas de saúde”, alertou Ferrar.

O cientista-chefe da OMS reforça o discurso de que é necessário enquadrar e sublinhar os riscos que as alterações climáticas representam para a saúde global.

“Acho que ainda não conseguimos passar com força suficiente a ideia de que o clima é mesmo um problema de saúde. E não conseguimos ainda fazer a população compreender que esta é mesmo a última oportunidade que temos neste século [para fazer alguma coisa]. É necessário mudar a narrativa”, termina o responsável.

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