Elvas é epicentro de mega-esquema de corrupção: cidade onde vive irmão de Pedro Sánchez concentra atenção das autoridades de Espanha

No caso de fraude fiscal que envolve Víctor de Aldama e Claudio Rivas Ruiz-Capillas, ambos detidos em relação à investigação do ‘Caso Combustíveis ou Hidrocarbonetos’ e sua ligação com a ‘conspiração Koldo’, as autoridades judiciais espanholas suspeitam de uma enorme rede de corrupção ligada ao negócio de máscaras que o comissário e ex-presidente do Zamora FC estabeleceu a partir de uma pequena cidade de Portugal, para branqueamento de capitais de origem ilícita.

De acordo com a publicação espanhola ‘El Economista’, para fugir aos impostos, praticar fraudes financeiras e branqueamento de capitais, Aldama e o seu sócio criaram empresas fictícias para dificultar o controlo dos seus movimentos milionários.

Em Portugal, mais concretamente em Elvas, quatro empresas foram todas criadas entre 25 de setembro de 2022 e 2 de março de 2023, identificadas como “outras atividades de apoio empresarial”: para tal, foram transferidos 1.166.956 euros da empresa MTM 180 Capital Sl, de Aldama, para diversas contas do Millenium BCP: mais tarde, foram feitas “31 transferências de Elvas para um destinatário” que está sob investigação da Guardia Civil.

Segundo as autoridades, este modus operandi consistia em depositar por um curto período todo o dinheiro vindo da Espanha nessas sete empresas fictícias; quatro deles criados na cidade portuguesa de Elvas para posteriormente distribuí-los a outras sociedades em todo o mundo. Esta operação viria a ser interrompida em maio pelo Tribunal Nacional após bloqueio e apreensão das contas bancárias de Aldama.

As empresas registadas em Portugal são: Atmosferaudaz Unipessoal Lda, Proezencontrada Lda, Cuboflamejante Lda. e Etapinsvisível Unipessoal Lda.

A vila de Elvas não foi escolhida por acaso: a 21 quilómetros da fronteira com Badajoz, Aldama, com o seu sócio Carlos Rivas Ruiz-Capillas, quiseram estabelecer a base das suas operações e da maquinaria de lavagem de dinheiro em grande escala. Um canto português reconhecido como uma grande força e onde o irmão de Pedro Sánchez, David Sánchez, tem domicílio fiscal desde 2022.

Com o apelido de Azagra, David Sánchez Pérez-Castejón, irmão mais novo do chefe de Governo espanhol, é um virtuoso músico com um salário anual de cerca de 55 mil euros como diretor do programa Ópera Jovem e chefe do Gabinete de Artes Cénicas do Conselho Provincial de Badajoz – nas mãos do PSOE, partido liderado pelo irmão. A Unidade Operacional Central da Guardia Cilvil – num ofício consultado pelo jornal ‘El Debate’ – investiga o enriquecimento do maestro, cujo património líquido disparou dos 261 mil euros para os 1,7 milhões em três anos; nesse período, o maestro terá enriquecido 550% em três anos.

Esta investigação cruza-se com informações colhidas no âmbito do processo de corrupção Koldo. As autoridades espanholas desconfiam que estes bens seriam subornos para o ex-ministro do Governo espanhol e o seu ex-assessor. Agora, a Guardia Civil investiga nas ramificações do caso Koldo, em Elvas, uma hipotética explicação para o crescimento exponencial do património de David Sánchez – isto porque Victor Aldama cultivou relações de proximidade com Begoña Gómez, esposa de Pedro Sánchez.

No entanto, indicou o jornal espanhol ‘ABC’, não paga impostos em Espanha graças à declaração da cidade portuguesa de Elvas, município que faz fronteira com Badajoz, como o seu domicílio fiscal.

David Sánchez comprou um antigo casarão de 425 metros quadrados por 240 mil euros – segundo a sua declaração de bens – a três minutos a pé das esplanadas da Praça da República de Elvas, subindo a rua perpendicular à Sé. No entanto, há vizinhos que nunca o viram, ao passo que uma, Felissa, de 73 anos, garante tê-lo visto “quatro vezes em dois anos”, “quando comprou a casa em dezembro de 2022”.

A casa está inabitável, garantem. “Há 12 anos que ninguém vive aqui, o prédio está abandonado”, garante Felissa, espanhola nascida em Burgos que paga os seus impostos em Espanha embora tenha comprado “uma casa em Elvas há nove anos”.

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