Cidade futurista Neom está a crescer: festa exclusiva oferecida pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita mostra que o sonho é real

Uma festa, com uma seleção de convidados escolhidos a dedo, permitiu dar a primeira visão da aposta multimilionária do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, de que o reino tem um futuro para além do petróleo: um grupo exclusivo de financiadores, artistas e influencers de todo o mundo vai estar esta semana na ilha Sindalah, o primeiro projeto a abrir as suas portas na futurista cidade de Neom. O resort alberga agora hotéis ultra-luxuosos e praias virgens, uma marina com 86 lugares para os super-ricos podem atracar os seus iates e mergulhar nas águas cristalinas do Mar Vermelho.

Segundo a ‘Bloomberg’, o projeto megalómano da cidade de Neom – que deverá custar entre 500 mil milhões e 1,5 biliões de dólares – depende do sucesso de Sindalah, numa altura em que a Arábia Saudita dá início à 8ª edição da sua Iniciativa de Investimento Futuro (FII). “Há ainda um esforço considerável a ser feito em parcerias e investimentos, pelo que o timing com o FII faria sentido”, referiu Karen Young, investigadora sénior do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia. “Se os investidores virem alguma infraestrutura importante instalada para energia, água e transportes, isso contribuiria muito para inspirar confiança sobre o compromisso do Governo com as grandes instalações em Neom.”

À Neom nunca faltou ambição: foi concebida para ser tudo, desde um porto futurista, um destino turístico sofisticado e um centro de energia limpa – até palco do Mundial de futebol ou dos Jogos Asiáticos de inverno. Pretende ser a cidade do futuro que procura “revolucionar a vida quotidiana”, uma promessa de reimaginar como as cidades a nível global devem parecer e funcionar daqui em diante.

O seu desenvolvimento não é feito sem desafios: os investidores estrangeiros têm sido lentos a apoiar os planos do príncipe herdeiro, já as perspetivas para os cofres do Estado têm sido mais fracas do que o esperado, com o petróleo a ser negociado bem abaixo dos 100 dólares. O projeto já teve orçamentos cortados e partes do projeto foram atrasados.

“Estes projetos ambiciosos são grandes apostas”, sustentou Robert Mogielnicki, académico residente sénior do Arab Gulf States Institute, em Washington. “A minha sensação é que o Governo saudita está preparado para suportar a principal carga de financiamento de muitos gigaprojectos no curto prazo, prevendo-se que um maior investimento do setor privado e estrangeiro se materialize a médio e longo prazo.”

O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman começou a conceptualizar Neom em 2015, descrevendo a necessidade de a Arábia Saudita ter uma “capital comercial e económica”: na sua visão estava uma cidade onde tudo estivesse ligado por inteligência artificial, desde as compras ao entretenimento, cuidados de saúde e viagens. Um cronograma ambicioso previa uma oferta pública inicial da cidade antes de 2020 e o projeto principal inaugurado até 2025. Na realidade, Neom tem sido mais difícil de construir do que se imaginava.

Além de Sindalah, foram divulgados cerca de uma dúzia de outros projetos turísticos futuristas – muitos parecem ter sido inspirados nos cenários de um filme de ficção científica. O que mais captou a imaginação é o ‘The Line’, um par de edifícios revestidos de espelhos com 500 metros de altura e 170 quilómetros de comprimento que se estendem da costa até ao deserto, por vezes fundindo-se com a paisagem montanhosa.

Um outro plano para unir os residentes do ‘The Line’ através de um sistema de comboios super-rápido, destinado a garantir que ninguém está a mais de 15 minutos de distância de qualquer outro residente, apesar da enorme distância física entre eles, enfrenta problemas semelhantes. Partes do ‘The Line’ tiveram de ser reduzidas: a certa altura, o Governo esperava ter 1,5 milhões de residentes até 2030. Desde então, reduziu o volume que espera ter construído, pretendendo agora alojar menos de 300 mil residentes até essa altura.

O Governo saudita aprovou apenas cerca de 80% do orçamento que Neom pedia este ano, uma das primeiras vezes que os seus planos de gastos não foram aprovados, indicou a ‘Bloomberg’: para ajudar a preencher a lacuna, a Neom planeou atrair investidores sauditas através da emissão dos seus primeiros títulos islâmicos.

Em termos gerais, Neom tornar-se-ia uma visão do futuro do país. Não seria apenas um projeto imobiliário gigante, mas teria a sua própria zona legal e regulamentos. No entanto – sete anos após o seu lançamento – o desenvolvimento do prometido código regulamentar tem sido tão assolado por problemas como o seu desenvolvimento físico.

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