China está a recrutar espiões. E o LinkedIn é o “isco”

Parece um filme ao estilo de James Bond, mas é bem real. A China está a usar o LinkedIn para recrutar espiões nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França, avança o “The New York Times”. Milhares de funcionários foram sondados através da rede social, orientada para o mercado de trabalho, com a promessa de «oportunidades bem pagas» caso se tornem espiões nos países de origem.

O diário norte-americano soube que um antigo oficial da administração dos tempos do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que trabalhava na área das Polícias Estrangeiras, recebeu um convite para visitar a China através do LinkedIn, por alguém que se dizia investigador do Instituto de Tecnologia da Califórnia e com ligações a assessores e embaixadores da sede oficial da presidência norte-americana.

Mas não é caso único. Na Dinamarca, um antigo oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros recebeu uma oferta semelhante. Quando chegou a Pequim, o homem foi recebido por três homens que lhe prometeram «um bom acesso ao sistema chinês».

Ao “The New York Times”, o director do Centro de Contra Inteligência e Segurança norte-americano, William R. Evanina, confirmou que os serviços de espionagem da China têm usado este esquema em «grande escala», com recursos a perfis falsos nas redes sociais, principalmente no LinkedIn. Procuram ter acesso a informação privilegiada, segredos corporativos ou ligados a propriedade intelectual.

Entretanto, a plataforma já veio reagir à polémica. Em declarações à publicação norte-americana, o LinkedIn garantiu que tem uma equipa dedicada ao rastreio de perfis falsos. «Aplicamos as nossas políticas, que são muito claras. A criação de uma conta falsa ou actividade fraudulenta com a intenção de enganar ou mentir aos nossos membros é uma violação dos nossos Termos de Serviço», disse Nicole Leverich, porta-voz da rede social.

Em Outubro de 2018, um agente de inteligência chinês, Yanjun Xu, foi acusado de espionagem, depois de ter recrutado um engenheiro da GE Aviation. Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, recusou-se a comentar o caso.

Já em Maio deste ano, um antigo funcionário da Defense Intelligence Agency e da Central Intelligence Agency, Kevin Patrick Mallory, foi condenado a 20 anos de prisão nos Estados Unidos por espionagem ao comando da China. O espião em causa foi recrutado através do LinkedIn. Tudo começou, em Fevereiro de 2017, quando respondeu a uma mensagem enviada por um agente de inteligência chinês, que se fazia passar por um representante de um gabinete estratégico. 

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