Chefes da CIA e da Mossad deslocam-se hoje ao Qatar para retomar negociações sobre cessar-fogo em Gaza

Os Estados Unidos e o Qatar anunciaram que vão retomar, este domingo, as negociações sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que estão praticamente paradas há dois meses. Israel já confirmou que vai enviar o líder da Mossad, David Barnea, a Doha, ao passo que Bill Burns, chefe da CIA, também vai estar presente.

“Por ordem do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o chefe da Mossad, David Barnea, partirá no domingo para se encontrar em Doha com o chefe da CIA, Bill Burns, e com o primeiro-ministro do Qatar”, indicou Telavive. “As partes discutirão as diversas opções para retomar as negociações com vistas à libertação dos reféns cativos pelo Hamas após os últimos acontecimentos”, acrescentou.

O primeiro-ministro do Qatar disse que “houve trocas de impressões com representantes do gabinete político do Hamas em Doha”. Contudo, “ainda não é claro como vamos proceder” no futuro.

O Hamas declarou-se pronto a cessar as hostilidades em Gaza se Israel se comprometer com um cessar-fogo, disse hoje um responsável do movimento islamita palestiniano, em guerra com o exército israelita há mais de um ano.

O Hamas “mostrou-se disposto a cessar as hostilidades, mas Israel deve comprometer-se com um cessar-fogo e a uma retirada da Faixa de Gaza, [a permitir] o regresso das pessoas deslocadas e [aceitar] um acordo sério para uma troca” de reféns israelitas detidos em Gaza por prisioneiros palestinianos, além de “autorizar a entrada de ajuda humanitária” em Gaza, disse o responsável, citado pela agência France-Presse (AFP).

Uma delegação do Hamas discutiu no Cairo “ideias e propostas” para a retomada das negociações com vista a um cessar-fogo, acrescentou.

Em conferência de imprensa conjunta com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, Al-Thani anunciou, em Doha, terem sido retomados os contactos com o Hamas após a morte, há uma semana, do seu líder máximo, Yahya Sinwar.

O responsável dos Estados Unidos afirmou, por seu lado, esperar que os negociadores se reunissem nos próximos dias para tentar alcançar uma trégua em Gaza, apelando mais uma vez a Israel e ao Hamas para que cheguem a um acordo.

Desde uma breve trégua, há 11 meses, durante a qual foram libertadas dezenas de reféns detidos na Faixa de Gaza, as sucessivas rondas de negociações sobre Gaza não tiveram quaisquer resultados.

No entanto, o homicídio, por soldados israelitas, de Yahya Sinouar, tido como mentor do ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023 contra Israel, reativou as esperanças de um reatamento das conversações, já que o líder do Hamas era considerado um obstáculo nas negociações conduzidas com a ajuda dos Estados Unidos, do Qatar e do Egito, segundo a AFP.

As últimas reuniões ocorreram em agosto, no Egito e no Qatar, com base num plano apresentado no final de maio pelo Presidente norte-americano, Joe Biden.

Depois de meses a defender este plano, o chefe da diplomacia norte-americana afirmou hoje que os Estados Unidos estavam a considerar “diferentes opções” para acabar com a guerra.

“Estamos a considerar diferentes opções”, afirmou.

Blinken anunciou também uma ajuda suplementar de 135 milhões de dólares (124 milhões de euros) aos palestinianos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

Israel declarou a 7 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250.

A guerra, que hoje entrou no 384.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza quase 43 mil mortos (quase 2% da população), entre os quais 17.000 menores, e 100.544 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

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