Centeno pede racionalidade «no uso do dinheiro do Estado» mas Frente Comum não prescinde dos aumentos na Função Pública

O dirigente da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (FCSAP), Sebastião Santana, recusa limitarmente qualquer hipótese de o aumento salarial de 1% em 2021 para os trabalhadores da Função Pública virem a cair, depois de o ministro das Finanças ter deixado no ar, em entrevista à “Antena 1”, que o Executivo poderá recuar na sua promessa.

«Recusamos limitarmente qualquer hipótese de não existirem aumentos salariais», afirmou à Executive Digest. Sebastião Santana referiu que «o Governo tem realmente de pensar muito bem, e nós concordamos com isso, no que faz ao dinheiro dos contribuintes». E, defendeu, «uma das boas formas de usá-lo é promover o aumento de salários e dinamizar a economia, como aconteceu com os parcos aumentos que tivemos na última legislatura».

Mário Centeno disse à rádio pública que, «no contexto em que vivemos, temos de ser muito racionais na utilização do dinheiro do Estado e compará-lo com o resto da economia».

No entanto, o líder da estrutura sindical, que reúne na próxima segunda-feira com o Executivo, considera que «o que se verificou este ano nem sequer um aumento salarial foi». «Não me parece que se possa chamar aumento a 0,3%, ainda por cima quando vimos de dez anos de congelamento de salários», ironizou.

Com Portugal mergulhado numa profunda crise social e económica, devido à pandemia de Covid-19, Sebastião Santana defende que «é preciso dar disponibilidade financeira às pessoas», uma vez que, mais do que nunca, a economia «depende muito do consumo interno». Além disso, «é uma questão da mais elementar justiça», porque «estamos a falar de muitos milhares de trabalhadores com salários baixíssimos». «Estes trabalhadores são os mesmo que estão nos hospitais. Auxiliares de acção médica, trabalhadores que tratam da recolha de resíduos sólidos e outros que são vistos como essenciais», frisou.

Além destes, «temos toda a massa de trabalhadores da Administração Pública que se revelaram essenciais» em tempo de pandemia, cujos salários foram agora aumentados.

Assim, «não entendemos o aumento salarial que exigimos como um gasto. É um investimento que vai ter retorno, tanto em impostos como em consumo interno, e aliviar a carga das famílias nesta crise». Para o líder da FCSAP, o Executivo não pode limitar-se «a cortar salários e a dar dinheiro às empresas para se aguentarem».

«Uma característica deste Governo é de andar constantemente a fazer declarações para a comunicação social e a esquecer-se dos processos negociais a que está obrigado por lei a fazer com os sindicatos», atirou.

*Notícia actualizada às 11:27

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