Caso das gémeas: filho de Marcelo terá dado os contactos dos pais das meninas à Casa Civil da Presidência por email

Nuno Rebelo de Sousa terá fornecido o contacto da mãe das gémeas luso-brasileiras, Daniela Martins, ao chefe da Casa Civil da Presidência da República, avança esta terça-feira o ‘Correio da Manhã’: o email foi enviado a Fernando Frutuoso de Melo a 29 de fevereiro de 2019, e nele constavam o email, o número de telefone e o endereço eletrónico dos pais das gémeas.

Frutuoso de Melo vai ser ouvido esta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso das gémeas – para esta quarta-feira é esperada a presença de Maria João Ruela, assessora para os Assuntos Sociais, a quem Marcelo Rebelo de Sousa pediu, depois de um email enviado a Frutuoso de Melo após ter recebido o pedido de ajuda do filho, para averiguar o que se tratava sobre as gémeas luso-brasileiras.

“Segue um assunto que o meu pai passou à Dra. Maria João Ruela, mas até hoje nada evoluiu e ninguém falou com os pais das crianças. Segue um vídeo para perceberem o real estado das crianças de 10 meses que estão internadas 24h com os movimentos a piorarem dia após dia”, refere o email.

“Nuno, depois de termos contactado o hospital [de Santa Maria], achámos adequado envolver o Governo, pois a gestão das listas de espera é da responsabilidade do Ministério da Saúde”, respondeu, dois dias depois, Frutuoso de Melo, também por email.

Recorde-se que no passado dia 19 de maio o filho de Marcelo Rebelo de Sousa foi constituído arguido no caso que investiga suspeitas de irregularidades no acesso de duas meninas gémeas luso-brasileiras ao tratamento com o zolgensma, o medicamento mais caro do mundo, no Hospital de Santa Maria.

Com a constituição de Nuno Rebelo de Sousa como arguido, sobem assim para três o número de suspeitos na mesma condição: são também arguidos o ex-secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e o ex-diretor clínico do Hospital de Santa Maria, Luís Pinheiro.

Nuno Rebelo de Sousa garante não ter cometido qualquer crime, segundo avançou a revista ‘Sábado’, que obteve acesso a uma exposição enviada ao DIAP de Lisboa sobre o caso.

No Brasil, o filho do Presidente da República foi submetido a um interrogatório judicial – nas instalações da Secretaria da Cooperação Internacional do Ministério Público Federal de São Paulo – sobre os factos que o Ministério Público lhe imputa sobre o caso: a defesa de Nuno Rebelo de Sousa garantiu que na acusação há dados que são verdadeiros, mas há também outros “que não correspondem à realidade”, com uma certeza: o que é verdadeiro não é crime.

A defesa sustenta que todos os contactos feitos com Marcelo Rebelo de Sousa nunca foram feitos “em razão ou por força da sua qualidade de filho do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, nem tendo em vista qualquer influência deste junto do Governo de Portugal ou dos hospitais públicos portugueses”.

“Nuno Rebelo de Sousa não solicitou a Marcelo Rebelo de Sousa, seu pai, para que intercedesse junto de qualquer elemento do Governo responsável pela área da saúde para o que quer que fosse, nem o fez, certamente, para que fossem marcadas consultas com a dra. Teresa Moreno nem para que o fármaco Zolgensma fosse administrado a Lorena e Maitê”, indica Rui Patrício, advogado do filho do Presidente.

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