Casas sobem 90% em oito anos, 30% dos inquilinos acusam sobrecarga financeira e 3% não consegue uma refeição, alerta relatório

Hoje celebra-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e Portugal tem números ‘no vermelho’ em diversos temas que influenciam, de forma significativa, a vida quotidiana e financeira dos portugueses.

De acordo com a Pordata, a base de estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, o raio-X à sociedade portuguesa em algumas questões essenciais traça um panorama desanimador: quanto ganham os portugueses? Onde é gasto esse rendimento? Quantos se encontram em risco de pobreza? Qual o impacto da inflação no poder de compra das famílias? E quanto têm aumentado os preços das casas e das rendas?

A habitação tem sido um dos problemas mais sérios da sociedade portuguesa e as famílias mostram-se com cada vez maiores dificuldades para cumprir com as suas obrigações.

Em 2021, refere o relatório da pobreza em Portugal, mais de metade dos gastos das famílias foi em bens essenciais: alimentação (21%), habitação (19%) e transportes (14%). A habitação atingiu, nos anos de pandemia, o maior peso de sempre, representando um quinto dos gastos.

Não é surpresa que os preços das rendas têm atingido valores proibitivos: o aumento face a 2015 foi de 15,8%, sendo que na UE esse valor fixou-se nos 10%. Em 2022, 29,4% dos inquilinos estava em situação de sobrecarga financeira com as despesas de habitação – com pelo menos 40% do rendimento destinado a suportar os custos da renda.

Esta sobrecarga afetou, entre 2012 e 2016, mais de 30% do total de inquilinos em Portugal.

Preços das casas sobem 90% face a 2015

A subida dos preços não diz respeito apenas ao preço das casas: em 2022, Portugal viu aumentar o preço da compra das casas, comparativamente a 2015, em 90%, valor muito acima do registado a nível da EU, de 48%. Desde 2019, Portugal está entre os quatros países europeus com maior aumento dos preços das casas, acompanhado pela Hungria, Rep. Checa, Lituânia e Luxemburgo.

Se se comparar o preço das casas com a variação dos salários médios, verificámos que, face a 2015, os salários em Portugal aumentaram 20%, muito aquém do aumento de 90% das casas. Assim, segundo dados do INE, do índice dos preços de compra de casa, no primeiro trimestre de 2023 os preços tinham aumentado 99% face a 2015 – já no segundo semestre era registado um aumento de 105%, mais do dobro face aos preços de há oito anos.

Os dados do INE, do índice dos preços de compra de casa revelam que no 1º trimestre de 2023, os preços já tinham aumentado 99% e no segundo trimestre aumentaram 105%, ou seja, mais do dobro dos preços registados em 2015.

6% têm rendas ou créditos em atraso

Face ao panorama do aumento do preço das casas, as dificuldades das famílias tornam-se mais agudas. Vejamos: a proporção da população que se confessou incapaz de aquecer convenientemente a casa passou de 16,5 para 17,5% entre 2021 e 2022.

A proporção de pessoas sem capacidade para assegurar uma refeição de carne, peixe ou equivalente de dois em dois dias passou de 2,4 para 3%. A rematar, no início de 2022, 29,9% das pessoas não tinham capacidade de assegurar o pagamento se surgisse uma despesa inesperada e 6,1% reconheceram ter atrasos em algum dos pagamentos relativos a rendas, prestações ou créditos.

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