Cartógrafos resolvem problema de séculos: veja o mapa-mundo mais preciso de sempre

Um mapa-mundo preciso é algo que escapou aos cartógrafos durante séculos. Mas um novo design pode tornar os mapas distorcidos uma coisa do passado.

Num estudo divulgado no ‘International Journal of Geographical Information Science’, o cartógrafo Tom Patterson e os seus colegas Bojan Savric e Bernhard Jenny, apresentaram uma solução para este problema de longa data: como fazer um mapa-mundo que retrate com precisão o tamanho e forma das massas de terra da Terra.

Se calhar já se deu conta: todos os mapas que está habituado a ver estão distorcidos – o mais comum é o mapa de projeção Mercator, criado pelo geógrafo e cartógrafo flamengo Gerardus Mercator em 1569, lembrou o site ‘IFLScience’.

A projeção de Mercator é boa porque preserva bem os ângulos e as formas das massas continentais do mundo, mas distorce enormemente a dimensão dessas terras. Isto cria uma questão chamada “problema da Gronelândia”, ondas as massas de terra distantes do equador, como a Gronelândia, parecem muito maiores do que as que estão do outro lado, como em África.

No entanto, recordou o ‘The Economist’, África é, na verdade, 14 vezes maior do que a Gronelândia, mas se olharmos para um mapa de projeção de Mercator, pensamos o contrário. Para além do problema do tamanho do mapa, vários críticos dizem que a utilização generalizada do sistema de Mercator mostra um preconceito cultural.

Arno Peters, historiador alemão, acreditava que a projeção de Mercator era mais popular porque tornava os países do norte da Europa maiores do que os seus adversários no hemisfério sul, sugerindo que os países europeus eram mais poderosos.

Como solução, Peters propôs que fosse utilizado o mapa de projeção de Gall-Peters. Em 2017, as Escolas Públicas de Boston tornaram-se o primeiro distrito escolar nos Estados Unidos a livrar-se da projeção de Mercator num esforço para “descolonizar o currículo nas nossas escolas públicas” e mudaram para Gall-Peters. No entanto, a projeção não foi isenta de falhas.

O Gall-Peters retrata com precisão o tamanho das massas de terra, mas distorce as formas dos continentes. Parece que a humanidade está ‘condenada’ a ter de escolher para sempre entre o tamanho preciso ou a forma precisa, sem a opção de ter ambos: no entanto, Patterson e a sua equipa revelaram o seu mapa ‘Equal Earth’.

De acordo com o estudo, Patterson, Savrie e Jenny procuraram alternativas para as projeções de mapas mundiais de áreas iguais atualmente disponíveis, mas “não conseguiram encontrar uma que correspondesse a todos os nossos critérios estéticos”, pelo que decidiram criar as suas próprias.

O seu design foi inspirado no mapa de projeção Robinson de 1963, que até recebeu o selo de aprovação da National Geographic Society quando o nomearam o seu mapa preferido em 1988, de acordo com a IFLScience. O mapa de Robinson é um híbrido parcial entre Mercator e Gall-Peters, pegando em pedaços de cada um que o torna “altamente adequado” para mapas mundiais, de acordo com os autores do estudo.

Para o mapa ‘Equal Earth’, a equipa de Tom Patterson baseou-se na projeção de Robinson, mas atualizou uma característica importante. “A projeção do mapa ‘Equal Earth’ é inspirada na projeção Robinson amplamente utilizada, mas ao contrário da projeção Robinson, mantém o tamanho relativo das áreas.”

Este último mapa é capaz de retratar o tamanho e a forma precisos das massas terrestres da Terra, resolvendo assim os dois problemas dos mapas-mundo anteriores.

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