Cartas contraditórias a Bruxelas podem sentar Boris Johnson no banco dos réus
O primeiro-ministro britânico pode vir a ser acusado de desrespeito à justiça escocesa depois de ter enviado não uma, mas duas cartas a Bruxelas: uma a pedir a extensão do Brexit até 31 de Janeiro de 2020 e outra a insistir na saída do Reino Unido da União Europeia (UE) a 31 de Outubro, avança o “The Guardian”.
Nos últimos dias, recorde-se, o ministro britânico para o Brexit, Steve Barclay, veio confirmar que Johnson pretendia cumprir a Lei de Benn, aprovada no mês passado, que determinava que, sem acordo até ao dia 19 de Outubro, Boris Johnson teria de pedir um adiadamento da saída do Reino Unido à UE. Agora, cabe ao Tribunal de Sessão de Edimburgo avaliar se a promessa foi cumprida.
Segundo o diário britânico, o Tribunal de Sessão de Edimburgo vai ouvir esta segunda-feira advogados de três activistas anti-Brexit – Dale Vince, Jolyon Maugham e Joanna Cherry. Se o juiz mais antigo da Escócia, Lord Carloway, e dois outros juízes, considerarem que Johnson violou a lei, o líder conservador pode enfrentar uma multa ou mesmo uma pena de prisão.
Boris Johnson vai tentar apelar a uma “votação decisiva” do seu acordo para o Brexit, enfrentado os parlamentares e o presidente da Câmara dos Comuns. John Bercow pode, no entanto, impedir que a votação se realize esta segunda-feira, alegando que o acordo já foi votado no sábado e que iriam discutir o mesmo assunto duas vezes, avança o “Financial Times”.
Apesar da aprovação da emenda que levou o ministro conservador a suspender a votação do acordo e de ter pedido uma extensão do Brexit, Johnson insiste que o Reino Unido deixará a UE a 31 de Outubro. Mas, a apenas 10 dias do prazo actual, a oposição deve apresentar emendas para modificar o acordo e John Bercow pode impedir a votação no próprio dia, se considerar que não há condições para ser repetida tão cedo.