Carta aberta da Ordem não fica sem resposta interna. «Não nos sentimos representados», dizem médicos

Um grupo de médicos assinou uma carta aberta em resposta a outra assinada pelo atual bastonário da Ordem dos Médicos e ex-bastonários, publicada no jornal Público no dia 14 de Outubro. Nesta nova carta, os médicos dizem não se sentir representados.

“Poderá haver médicos concordantes com essa carta, por coincidirem com os seus objetivos. Nós não. Não nos sentimos representados”, lê-se na missiva, publicada esta terça-feira.

A carta indica então que os médicos não subscrevem o que foi publicado no dia 14 de Outubro. Defendem, aliás, o contrário.

Recorde-se que a primeira carta aberta, dirigida à ministra da Saúde, Marta Temido, referia a “angústia de quem conhece os doentes pelo nome e sabe que o Serviço Nacional de Saúde (SNS), como está, sozinho não os poderá ajudar a todos”. “Não há tragédia maior do que esta”, sublinharam os subscritores.

No entanto, o grupo de médicos que assina agora uma nova carta refere que estas palavras “ampliam” as dificuldades do SNS e “perturbam” as famílias portuguesas. Sublinhando ainda que “é bom que se tenha respeito pelas verdadeiras tragédias”.

“Todos os cidadãos têm o direito de, em grupo ou isoladamente, expressarem as suas opiniões. O que não é lícito é que a natural credibilidade da Ordem dos Médicos seja mobilizada para as posições pessoais de ex-bastonários e do seu bastonário atual. Descrevendo um ambiente de perigo iminente, vaticinando a falência do SNS e amplificando as suas dificuldades, desassossegando e perturbando a saúde mental das famílias e, sobretudo, das pessoas mais idosas e mais isoladas”, indica a mais recente carta.

Importa ainda reter que, na primeira missiva, o bastonário e ex-bastonários defendem a utilização de serviços privados para gerir melhor a pandemia em Portugal. Mas o grupo de médicos argumenta agora que isso só aumentaria “as insuficiências que se apontam ao SNS, bem como o que os portugueses teriam de pagar pela sua saúde”.