Carrinha da PSP baleada em tumultos na Cova da Moura

Uma viatura da Polícia de Segurança Pública (PSP) foi alvo de disparos na madrugada desta quarta-feira, na Cova da Moura, Amadora, local que tem sido epicentro de tumultos nas últimas noites. O incidente ocorreu enquanto a carrinha, que transportava agentes de uma Equipa de Intervenção Rápida, patrulhava a área, dias após a morte de um residente, baleado por um agente da PSP.

De acordo com informações apuradas pelo Jornal de Notícias, a viatura da PSP foi obrigada a parar quando se deparou com um obstáculo colocado no meio da rua. No momento em que o condutor realizava manobras para prosseguir, já depois da meia-noite, foram disparados vários tiros a partir dos prédios adjacentes, atingindo a porta traseira da carrinha. Apesar da gravidade da situação, nenhum dos polícias foi atingido pelos projéteis.

A noite de quarta-feira ficou ainda marcada por múltiplos incidentes de vandalismo e fogo posto em várias zonas da Área Metropolitana de Lisboa. Na Amadora, no Bairro do Zambujal, um autocarro da Carris foi incendiado, e outro episódio semelhante ocorreu na Portela de Carnaxide, em Oeiras, onde também um automóvel e vários caixotes do lixo foram destruídos pelas chamas.

Além destes incidentes, a PSP relatou “focos de desordem em várias zonas”, como Casal de Cambra, em Sintra, onde um objeto foi arremessado contra a esquadra da PSP, sem causar danos. Na Damaia, também na Amadora, ocorreram confrontos nas ruas, com o arremesso de petardos e pedras, além de novos focos de incêndio em mobiliário urbano.

Na manhã de quarta-feira, a PSP apresentou um balanço das ocorrências, confirmando a detenção de três suspeitos pelos crimes de dano qualificado e ofensa à integridade física qualificada. No total, foram registadas 60 ocorrências de desordem e incêndio em mobiliário urbano, como caixotes do lixo, em diversos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, incluindo Lisboa, Amadora, Oeiras, Odivelas, Loures, Cascais, Sintra e Seixal. Também foi apreendido material inflamável.

O relatório incluiu ainda o registo de dois polícias feridos por arremesso de pedras, nos concelhos da Amadora e de Oeiras, ambos necessitando de tratamento hospitalar, sendo que um dos agentes entrou em situação de baixa médica. Além disso, duas viaturas policiais foram danificadas, uma por quebra de vidro e outra alvejada, e dois autocarros da Carris foram roubados e incendiados.

No mesmo comunicado, a PSP revelou que dois passageiros de um dos autocarros incendiados foram esfaqueados, alegadamente pelos indivíduos responsáveis pelo roubo e incêndio da viatura, embora as vítimas não tenham sofrido ferimentos graves.

Entretanto, a PSP viu-se envolvida numa polémica após acusações da advogada Catarina Morais, que representa a família de Odair Moniz, o homem de 43 anos que foi baleado mortalmente por um agente da PSP. A advogada, membro do Movimento Vida Justa, denunciou que na noite de terça-feira, cerca de 15 polícias arrombaram a porta da casa da viúva de Odair, fora da hora legal e sem mandado, e alegou ainda que duas mulheres presentes na residência foram agredidas pelos agentes.

Em resposta, a PSP negou categoricamente as acusações, afirmando que a única entrada numa habitação ocorreu em apoio aos Bombeiros Voluntários da Amadora, que foram chamados ao local para prestar assistência médica a uma criança, a pedido da família. A força policial insistiu que não houve qualquer arrombamento de portas, como alegado.

O comunicado da PSP também abordou as imagens que circularam nas redes sociais, mostrando uma equipa da polícia no hall de um prédio, supostamente no Bairro do Zambujal. Segundo a PSP, as imagens não mostram os agentes no interior de uma habitação, mas sim a dialogar com os moradores para manter a tranquilidade pública.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também se pronunciou sobre a situação, garantindo que tem acompanhado de perto os acontecimentos, em contacto constante com o Governo e com os presidentes das câmaras municipais da Amadora e de Oeiras.

Marcelo sublinhou três pontos essenciais: a preservação da segurança e da ordem pública como valores democráticos fundamentais, o respeito pelos princípios do Estado de Direito Democrático, e o desejo de manter uma sociedade pacífica, sem instabilidade nem violência, apesar das desigualdades e problemas sociais que ainda persistem.

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