Carnes vermelhas e lacticínios mais caros, frango e vegetais mais baratos. O plano do Banco Mundial para combater as alterações climáticas

O Banco Mundial propõe uma mudança radical na alimentação global para combater as alterações climáticas. Em vez de investir em produtos como carne vermelha e laticínios, sugerem-se opções mais amigas do ambiente, como aves e vegetais. Esta recomendação, apresentada num novo relatório, visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa provenientes do setor agrícola e alimentar, responsável por quase um terço das emissões globais, sendo uma das formas mais económicas de o fazer, argumenta a instituição.

Julian Lampietti, responsável pela participação global do Banco Mundial na prática agrícola e alimentar afirma que “temos de parar de destruir o planeta enquanto nos alimentamos.” Esta proposta surge num momento estratégico, à medida que os países signatários do Acordo de Paris se preparam para atualizar os seus planos climáticos até 2025, com o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5ºC.

De acordo com o relatório, os países precisam de investir 260 mil milhões de dólares anualmente nos setores agrícola e alimentar para eliminar as suas emissões até 2050 – um objetivo comum para as economias desenvolvidas. Esta meta é 18 vezes superior ao investimento atual.

O Banco Mundial defende que os governos devem reorientar os subsídios para a carne vermelha e laticínios para alternativas com menor pegada de carbono. Esta mudança, afirmam, é uma das formas mais eficazes para reduzir a demanda por alimentos altamente poluentes, podendo inclusive integrar o impacto climático nos custos alimentares.

Assim a solução significaria que veríamos preços mais altos para carnes vermelhas, leite e lacticínios, enquanto os preços desceriam para carnes brancas, frutas e vegetais.

Segundo o relatório, a procura por carne e laticínios representa quase 60% das emissões do setor agrícola e alimentar. Lampietti alerta para o perigo de focar demasiado no que não se deve fazer, incentivando uma abordagem mais positiva em relação ao que se deve fazer. O alimento é uma escolha “intensamente pessoal”, acrescenta, em declarações ao Politico, temendo que o debate, que deveria ser baseado em dados, se torne numa batalha cultural.

“A grande preocupação aqui é que as pessoas comecem a usar esta questão como ‘futebol político'”, terminou o especialista.

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