Captar sismos, tsunamis ou fauna marítima: consórcio liderado pela dstelecom lança 2º cabo submarino sensorizado em Portugal

O consórcio luso-americano inserido no projeto K2D, acrónimo de “Knowledge and Data from the Deep to the Space”, e liderado pela dstelecom, finalizou, com o apoio da Marinha Portuguesa, a instalação do 2º protótipo de um cabo submarino inteligente com 2 km de comprimento nas imediações do porto de Sesimbra em mar aberto e até profundidades superiores a 100 metros.

Sismos, tsunamis, fauna marítima, poluição, circulação de embarcações, submergíveis, temperatura da água são parte do manancial de dados que podem ser capturados em tempo real através desta infraestrutura sensorizada.

A aquisição de dados potenciados pelo sistema irá, assim, permitir criar modelos de análise baseados em geoinformática e inteligência artificial, de forma a ampliar o alcance da monitorização e do espetro do conhecimento até ao interior dos oceanos.

A escolha da localização em Sesimbra, como já havia acontecido com Tróia, em setembro de 2022, deve-se ao facto de integrar a Zona Livre Tecnológica Infante D. Henrique para experimentação de tecnologia marítima.

A investigação e o desenvolvimento dos sensores que estão instalados ao longo do cabo e captam dados em tempo real esteve a cargo do INESC TEC, do Centro de Investigação Tecnológica do Algarve (CINTAL) e da Universidade do Minho.

Esta instalação, que decorreu no âmbito do projeto K2D, propõe desenvolver um sistema de monitorização à escala global e totalmente disruptivo para os oceanos, baseado em cabos submarinos e capaz de lidar com diferentes profundidades, desde os fundos profundos e plataformas abissais até à superfície. Trata-se de um projeto bandeira do programa MIT Portugal – inserido nas parcerias internacionais que o Governo português tem com instituições de investigação norte-americanas – e foi financiado em 1,4 milhões de euros.

Tanto a atmosfera como as superfícies dos oceanos são amplamente monitorizadas graças a sistemas de deteção remota, baseados em satélites e aviões. Contudo, as profundezas dos oceanos continuam inexploradas pelo ser humano, em grande parte devido às extremas características de exposição ambiental que são demasiado hostis para as abordagens de sensorização convencionais.

Os componentes e sistemas deste novo cabo, nomeadamente os sensores acústicos capazes de detetar a passagem de embarcações, submarinos e/ou cetáceos, operam conforme o previsto.

A solução tecnológica instalada é constituída por três repetidores de sinais desenvolvidos no âmbito do projeto, que têm a particularidade adicional de acoplar qualquer equipamento de medição. Na instalação experimental, estão a ser usados sensores de temperatura, pressão, pH, turbidez, hidrofones e acelerómetros. Além disso, o cabo está ligado até à costa, permitindo o processamento e o acesso dos dados em tempo real.

Este projeto iniciou no ano de 2020, ao abrigo do Programa MIT Portugal e conta, para além dos parceiros já referidos, com a participação da Universidade dos Açores, Air Centre, Alcatel Submarine Networks e MIT. Os próximos passos passam agora pela operação do equipamento, mantendo a colaboração com a Marinha Portuguesa, e pela criação de um modelo de ‘digital twin’ que replique os dados ambientais do oceano Atlântico, bem como os efeitos da ação antropogénica.

A dstelecom iniciou este projeto tendo em vista a criação do smartcable como um produto diferenciador e de valor acrescentado, que ainda não existe a nível mundial.

“A nossa estratégia passa por aumentar o valor acrescentado dos cabos submarinos, convertendo-os não só em autoestradas de dados, mas também acrescentar a capacidade de monitorização, associando uma camada de sensorização a estes elementos que estão alojados no fundo do oceano. Isto vai permitir-nos apresentar uma solução única a este mercado e que esperamos uma disseminação global”, reconheceu Sérgio Fernandes, CTO da dstelecom.

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