Caos na Saúde esperado em Outubro: Médicos entregam escusa às horas extra e há urgências (e não só) em risco de fechar

Perante o começo do período do outono/inverno, que normalmente significa uma maior procura dos hospitais do SNS, em especial dos serviços de Urgências, devido ao aumento de casos de infeções respiratórias, como a gripe, a Covid-19 ou o vírus sincicial respiratório (VSR), prevê-se que outubro seja caótico, até porque há muitos médicos que, de forma massiva, estão a entregar escusa às horas extraordinárias.

De acordo com dados do movimento cívico Médicos em Luta, “muitas urgências de país correm o risco de fechar já em outubro”, mas outros serviços serão também fortemente afetados, sendo que as especialidades de cirurgia geral, medicina interna, cuidados intensivos, pediatria e obstetrícia serão as que onde se sentirão mais os efeitos.

Há casos em que 100% dos médicos já entregaram às administrações hospitalares o documento onde se escusam a trabalhar para além das 150 horas extraordinárias previstas na lei, como no Hospital de Santarém e de Viana de Castelo, em cirurgia geral, ou o Hospital de Santa Maria, em Lisboa ou o de Portimão, no que respeita a médicos de medicina interna e intensivistas, respetivamente.

“A situação é transversal ao país inteiro. No Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, a adesão ronda os 100%. No Tâmega e Sousa 90% dos médicos do serviço cirurgia geral e maioria cardiologia geral também entregaram o documento”, indica o movimento, citado pela CNN Portugal.

Para além dos fortes efeitos que poderão levar a fecho de urgências e serviços a meio-gás durante outubro, os Médicos em Luta avisam: “Isto vai ter um grande impacto na saúde das pessoas e até na mortalidade, numa altura em que se prevê um aumento dos internamentos”.

Os médicos continuam a reclamar o aumento salarial negado pelo Governo nas negociações com sindicatos que duraram todo o último ano, e o protesto agora encetado é uma resposta ao facto de, denunciam, alguns clínicos fazerem mais de 600 horas extra por ano, para além das 150 previstas na legislação, de forma a manter serviços de urgência abertos.

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