Canal americano lança a dúvida: os esteroides são o segredo do sucesso de Portugal na luta contra o vírus?
Portugal continua a dar que falar lá fora pela forma como está a lidar com o novo coronavírus e, desta vez, foi a vez da estação norte-americana “CNN”, que diz que uma das razões para o «relativo sucesso» do país pode ser o uso de esteroides no tratamentos de doentes internados em unidades de cuidados intensivos.
A “CNN” refere que um novo estudo da Universidade de Oxford descobriu que este método, usado para reduzir a inflamação nos pulmões, diminuiu o risco de morte entre os doentes internados. A própria Organização Mundial da Saúde diz que se trata de um eventual avanço, mas, segundo a estação televisiva, que cita fonte oficial, os médicos do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central já tratam os doentes com corticosteróides há meses.
«O que temos visto com a corticoterapia é que somos capazes de reduzir a inflamação e melhorar muito a função respiratória dos pacientes», disse Nuno Germano, director da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, à “CNN”. O médico referiu que a «ventilação precoce, juntamente com a corticoterapia para tratar a inflamação nestes doentes, permitiu-nos ter uma duração de ventilação que não ultrapassa os 10-11 dias».
Nuno Germano afirmou, em declarações ao canal americano, que «há uma melhoria significativa em três dias». Cerca de 60% dos doentes internados no Curry Cabral foram tratados com esteróides, terá dito, explicando que é uma das várias estratégias que têm ajudado o país a manter o número de mortes de doentes internados em UCI em cerca de 16%.
Para além das técnicas utilizadas nos cuidados intensivos, Portugal tem beneficiado da realização de testes em massa e da resposta rápida do Governo à ameaça do coronavírus, segundo o director do serviço de doenças infecciosas do Hospital Curry Cabral, Fernando Maltez. «Para o sucesso desta estratégia foi fundamental o facto de o Governo ter decidido, em tempo útil, declarar o estado de emergência», disse Maltez, elogiando também a resposta dos serviços de saúde portugueses.
Ambos concordam que o desconfinamento contribuiu para o aumento do números de casos confirmados nas últimas semanas, especialmente em Lisboa e arredores. No entanto, acrescentaram que, até ao momento, não assistiram a um surto que coloque em causa os serviços de saúde.
Portugal regista, pelo menos, 1.524 óbitos associados ao novo coronavírus e 38.089 casos confirmados de infecção, segundo o último boletim da DGS.
Neste momento, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 450 mil mortos e infectou mais de 8,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, revela o último balanço da agência “France-Presse”, feito a partir de dados oficiais.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.