Caminho livre para a UE, F-16 dos EUA (e não só). O que ganha a Turquia com a ‘luz verde’ à adesão da Suécia à Nato?

O ‘braço de ferro’ durava há muito e implicou um ano de negociações mas, mesmo antes da cimeira da Nato que decorrem em Vilnius, entre esta terça e quarta-feira, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan quebrou o gelo e anunciou o compromisso de finalmente desbloquear a adesão da Suécia à Aliança Atlântica… Ainda que com a condição de que a Turquia se junte à UE.

Mas, por trás da ‘luz verde’ estão os interesses mais ou menos escondidos de Ancara, que não se limitam ao desejo de aderir ao bloco europeu.

Desde longo há que lembrar as preocupações com o terrorismo. A Turquia usava como principal argumento para o bloqueio á entrada da Suécia na Nato uma política antiterrorismo naquele país inadequada aos desafios da atualidade, particularmente ao que concerne o PKK, considerada uma organização terrorista na UE, nos EUA, e na Turquia.

Em resposta, a Suécia encetou mudanças na legislação antiterrorista, já aplicada na semana passada numa condenação. Também Estocolmo assinou com Ancara um acordo de segurança bilateral, que inclui reuniões anuais com os responsáveis dos dois países.

Não foi só isto: Estocolmo levantou a proibição de venda de armas que havia imposto à Turquia em 2019, e firmou um acordo de cooperação económica, baseado na criação de uma somissão conjunta de economia e comércio. E, claro, a Suécia comprometeu-se em “apoiar ativamente os esforços para reativar o processo de adesão da Turquia à UE”.

Aproximação da UE
O processo de adesão da Turquia à UE encontra-se congelado, tendo o país obtido o estatuto de candidato em 1999, e as negociações tendo iniciado em 2005.

O congelamento deveu-se a divergências políticas e à deterioração do sistema democrático na Turquia. Mas, agora, com a pressão para a aprovação da candidatura sueca à Nato, Erdogan tem espaço de manobra.

Líderes europeus já avisaram que não se podem juntar os dois processos no mesmo ‘pacote’, mas a vontade de desbloquear a candidatura sueca poerá falar mais alto. “Boa reunião com o presidente Erdogan. Exploramos oportunidades para trazer a cooperação UE/Turquia de volta à tona e revitalizarmos as nossas relações”, afirmou o presidente do Conselho Europeu Charles Michel, após encontro com Erdogan em Vilnius.

Mesmo que este ‘toma lá, dá cá’, da Turquia não se revele um sucesso, Ancara poderá procurar um acordo aduaneiro, a liberalização de vistos e estabelecimento de protocolos que garantam gestão da situação dos refugiados sírios que se encontram em território turco.

Um incentivo que voa dos EUA
A Turquia fica também favorecida, com esta mudança de posição, já que a ajuda a consegue uma nova compra de aeronaves F-16 dos EUA, no valo de mais de 30 mil milhões de dólares.

Inicialmente, assinala o El País, esta questão não estava ligada ao desbloqueio da adesão sueca à Nato, mas acabou por ser incluída nas negociações.

Com efeito, a Casa Branca aprovou o pacote de vendas de equipamentos para melhorar os F-16 envelhecidos da Turquia, lodo depois de Ancara dar o seu aval para a adesão da Finlândia à Nato.

Da mesma forma, os EUA já anunciaram que o presidente Joe Biden “esta determinado em avançar com a venda de F-16”.

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