“Call to Action”! XXIII Conferência Executive Digest: Conheça os pontos-chave desta edição
Realizou-se esta quinta-feira, no Museu do Oriente, em Lisboa, a XXIII Conferência Executive Digest, evento que reuniu em palco CEOs, Presidentes e Gestores para debater os principais desafios do tecido empresarial, que necessita de ser chamado à ação para mitigar os impactos de diversos fatores que têm afetado a economia mundial.
“Há uma vontade férrea por parte das empresas de trilhar um caminho de crescimento”
Na abertura da XXIII Conferência Executive Digest, Ricardo Florêncio, CEO do Multipublicações Media Group, sublinhou que “há uma vontade férrea por parte das empresas de trilhar um caminho de crescimento”, alertando para uma necessidade de um “Call to Action”, que hajam gritos de alerta dos empresários. Sublinha ainda que é necessário não baixar os braços para levar o país para a frente, mas, para isso, é também preciso “dar às empresas e instituições ferramentas para retomarem o seu rumo.
“A chave do sucesso é ter organizações efetivamente ágeis”
O presidente da Accenture, José F. Gonçalves, debruçou-se na sua intervenção em dois temas principais, a importância de ter organizações ágeis e a importância de viverem com o objetivo de criar valor.
O executivo explica que “uma organização ágil é uma organização com a capacidade de sentir a criação de valor e saber identificar equipas capazes de criar esse valor”, mostrando o estudo “Chaotic and Incosistent” da Accenture que realça que sem estes fatores não é possível a empresa atingir sucesso e demonstra que é essencial encontrar as equipas certas para procurar o valor.
José Gonçalves sublinhou ainda a importância de apostar na valorização das pessoas que “são um ativo escasso. Se nós não conseguirmos proporcionar boas perspetivas de trabalho não vamos ter sucesso”.
Da recessão iminente à implementação do PRR
Beatriz Rubio, CEO da RE/MAX, João Duque, Dean do ISEG e Luís Ribeiro, Administrador do Novo Banco juntaram-se no palco do Museu do Oriente, em Lisboa, para debater o tema das finanças, de como lidar com as taxas de juro e a inflação que assolam os mercados globais, e qual o estado das empresas portuguesas e o financiamento da economia.
Luís Ribeiro considera que “hoje as empresas estão melhor preparadas, foi feito um caminho muito significativo nos últimos anos”, principalmente tendo em conta inflação e o aumento das taxas de juro, e aponta como principais medidas para o crescimento do tecido empresarial passam pela implementação do PRR, bem como pela preocupação das empresas em investir na transição, quer seja energética, de governance, ou tecnológica.
Para Beatriz Rubio, o mercado imobiliário está a mudar e que, atualmente, há pouco produto. a CEO da RE/MAX considera importante as instituições de crédito acompanharem de perto os clientes para evitar o malparado, destaca que precisamos de uma oferta que seja fora dos grandes centros e com transporte publico rápido e eficiente, e sublinha ainda que não se deve acabar com o alojamento local, pois Portugal continua a ser muito forte no que respeita a turismo.
João Duque considera que “o ideal era haver uma travagem no crescimento para impedir a recessão”. O Dean do ISEG explica que a inflação e as medidas de mitigação vão ter aspetos recessivos, mas que é necessário utilizar instrumentos de controlo para regularizar o cenário atual. Para ele, é importante que as empresas sejam estimuladas a criar postos de trabalho e valor acrescentado, papel que deve ser da responsabilidade do Governo.
Globalização, glocalização e digitalização
Andreia Antunes, Diretora de Business Development do Grupo Luís Simões, Filipa Portugal Ramos, Diretora de Marketing da João Portugal Ramos, Pedro Ribeiro Nunes, Supply Chain Director da Sonae MC e Raúl Magalhães, Presidente da APLOG, reuniram-se em palco do Museu do Oriente para debater os desafios da industrialização e cadeias de abastecimento, nomeadamente no que diz respeito o futuro desta área e onde se pode fazer a diferença.
Num debate moderado por Maria João Vieira Pinto, Raúl Magalhães salientou sobretudo as consequências dos tempos modernos nas cadeias de abastecimentos, nomeadamente relacionadas com a guerra e a pandemia. Aqui, Raúl Magalhães, resumiu que “dentro das circunstâncias estamos a passar por um momento positivo” e por isso a digitalização deve ser o “fusível fundamental para aquilo que não estamos à espera”.
O debate concentrou-se sobretudo em duas grandes áreas, por um lado a eficiência energética e por outro o desafio da digitalização e sustentabilidade que Andreia Antunes, Diretora de Business Development do Grupo Luís Simões definiu ser essencial para “estar mais próximo dos clientes”.
Já Pedro Ribeiro Nunes, sublinhou que “temos de conhecer muito bem as cadeias de abastecimento, os fornecedores e os produtos” e só assim se conhecem as fragilidades e por isso o “planeamento é essencial”. Neste sentido, e no que diz respeito ao setor dos vinhos Filipa Portugal Ramos afirmou nesta área quase não existe desperdício, “mas tem que existir ainda menos”, nomeadamente no que diz respeito a embalagens e vidro que ajuda nomeadamente no transporte.
“Uma economia saudável precisa de pessoas saudáveis”
Numa Mesa Debate dedicada à saúde, Ana Rita Gomes, Administradora da Multicare, João Almeida Lopes, CEO da Medinfar, e Nelson Santos de Brito, Administrador da Luz Saúde, debatem este setor como um fator chave de desenvolvimento de um país envelhecido.
Para o CEO da Medinfar, para cimentar o crescimento deste setor, a indústria deve estar mais presente nas fases iniciais da cadeia de valor, como a parte da investigação, pois poderemos exportar mais valor acrescentado. João Almeida Lopes sublinha que o preço dos medicamentos é regulado, e “é necessário uma intervenção porque podemos enfrentar muitos problemas, como por exemplo a disponibilidade dos medicamentos”.
Nelson Santos de Brito considera que é importante que haja uma maior sensibilização na área da prevenção para que seja possível dar resposta no tratamento da doença. O Administrador da Luz Saúde sublinha que principal desafio é que “concorremos com outros países que vêm buscar os nossos profissionais. Temos um cocktail complicado de gerir”.
Ana Rita Gomes diz que o setor segurador está preocupado e comunga das preocupações de outros setores ligados à saúde, e alerta que com o envelhecimento da população ou a carga de doença, não haverá recursos, pelo que é necessário integrar os cuidados de saúde e investir na prevenção.
O trabalho não é mais o “alfa e o omega” e é necessário “acarinhar os trabalhadores”
José Miguel Leonardo considera que o trabalho não é mais o “alfa e o omega” e que cada vez mais as pessoas começam a priorizar as suas vidas que se baseiam em mais do que a atividade laboral.
“O mundo está cada vez mais pequeno”, com as novas realidades do trabalho, nomeadamente o trabalho remoto, confessou. Logo, a única coisa a fazer é “trabalhar mais e trabalhar melhor” tendo em conta todas estas contrariedades.
Para o CEO da Randstad, a solução “não pode ser a precariedade”, ou seja, “temos de parar de fazer legislação que impeça a flexibilidade”, refere. E neste ponto diz que a fiscalidade assume um papel cimeiro e por isso é necessário: “rever a fiscalidade, não é normal que o estado leve a maior parte de um prémio que uma empresa dê ao trabalhador”.
Da parte das empresas, sublinhou, por fim, que deve haver uma “cultura inclusiva” e deve ter-se o “cuidado de acarinhar os trabalhadores”, sendo que o caminho é “humanizar as organizações e pôr as pessoas no centro”. Aponta ainda que é imperativo ter vontade de “adquirir conhecimento e fome de conhecimento” mostrando a “vontade de sermos os melhores” o que não implica que os outros sejam os piores.
“É importante o crescimento económico para garantir que as pessoas saem da pobreza social”
Gonçalo Saraiva Matias, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, encerrou a XXIII Conferência Executive Digest, colocando em destaque a importância de gerar crescimento e valor para dar resposta aos problemas sociais em Portugal.
“É importante o crescimento económico para garantir que as pessoas saem da pobreza social”, diz Gonçalo Saraiva Matias, acrescentando que devemos “olhar para a emigração como uma política migratória”.
Atualmente há uma corrida global pelo talento para setores mais qualificados, mas o que é preciso fazer para atrair talentos? “Só se faz com salários? Não necessariamente. Portugal tem fatores de atratividade como a questão fiscal, ou ainda a política regulatória, ou seja, o agilizar de processos que permitam uma rápida integração do profissional no país”.
“A imigração é a única forma de ultrapassarmos isto, mas temos que ter uma política migratória correta”, remata o Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos.