Cabaz IVA zero já encolheu de preço o suficiente para ir almoçar fora uma vez. Da maçã ao bacalhau, veja os alimentos que aumentaram na última semana
O cabaz de produtos com IVA zero analisado pela Deco/Proteste desceu de preço na última semana em 0,27 euros (-0,21%). Assim, e desde que a medida entrou em vigor, a 18 de abril, o cabaz alimentar considerado já ‘encolheu’ no preço em 8,41 euros, para 130,36 euros (-6,06%), o suficiente para fazer um almoço modesto fora de casa.
Este cabaz de 41 produtos aos quais se aplica a medida IVA zero do Governo, é avaliado para monitorizar as variações de preços destes bens.
Face à semana anterior, os 10 produtos IVA zero que mais aumentaram foram: brócolos (13%), maçã gala (6%), azeite vrgem extra e iogurte líquido (5%), atum poste em azeite e bacalhau graúdo (4%), arroz agulha e couve-flor (3%) e batata vermelha (2%).
Desde que a medida do IVA zero entrou em vigor (18 de abril), e comparando os preços na véspera de a medida ser aplicada, verifica-se que os seguintes produtos tiveram as maiores variações de preço: iogurte líquido (17%), brocolos (13%), atum posta em óleo vegetal (6%), maçã gala (3%), massa espirais (1%) pão de forma sem côdea (-1%), maçã golden (-2%), arroz agulha (-3%), couve-flor (3%) e queijo curado fatiado embalado (-3%).
Cabaz alimentar geral com redução de 0,1%
Olhando ao outro cabaz alimentar de produtos essenciais analisado pela Deco/Proteste, que abrange produtos fora da medida do IVA zero, a descida ainda é menor, em termos percentuais: foi de 0,11%% na última semana. Assim o cabaz alimentar considerado custava esta semana 222,86 euros euros, uma redução novamente de 0,25 euros face à anterior.
Desta forma, quando comparado ao mesmo cabaz comprado antes da guerra na Ucrânia (a 23 de fevereiro de 2022), o preço aumentou 39,23 euros (21,36%).
Desde o início do ano, e mesmo com o abrandamento da taxa de inflação, o cabaz já subiu 3,46 euros (mais 1,58%), sendo que comparando o valor desta semana com o mesmo cabaz comprado há um ano, o aumento é de 15,65 euros, ou seja, mais 7,55%.
A associação de defesa do consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.
Na última semana, os dez produtos com maiores subidas de preço foram os brócolos (13%), a perca (9%), os cereais de trigo, arroz e aveia integral (8%), o peixe espada preto e o café torrado moído (7%), a maçã gala (6%), o azeite virgem e o iogurte de morango (5%), o atum posta em azeite e o bacalhau (4%).
Já os dez produtos que mais viram o seu preço aumentar desde o início da guerra na Ucrânia, ou seja desde 24 de fevereiro de 2022, foram o arroz carolino (82%), a cebola (66%), a polpa de tomate (62%), a cenoura (61%), o salmão (59%), os flocos de cereais (52%), o azeite virgem (51%), o açúcar branco (50%), a couve coração (49%) e a batata vermelha (45%).
A maior subida de preços, desde início da guerra na Ucrânia até agora, registou-se nas categorias de peixe (27,31%, aumento de 16,47 euros) e mercearia (26,10%, mais 11,00 euros).
A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).
“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, acrescenta a Deco.
O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um sector há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.
“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, sublinha.