Cabaz de bens essenciais aumenta 39 euros no espaço de um ano: saiba que produtos mais subiram de preço
A 23 de fevereiro de 2022, véspera do início da guerra na Ucrânia, um cabaz de bens alimentares essenciais custava 183,63 euros. Quase um ano depois, a 1 de fevereiro de 2023, comprar exatamente os mesmos alimentos representa uma despesa de 222,16 euros, ou seja, mais 38,53 euros (mais 20,98%), segundo análise da DECO.
A contribuir para esta subida estão todas as categorias alimentares, mas é nos laticínios e na carne que os aumentos mais se fazem sentir.
“Os laticínios são a categoria de alimentos cuja subida foi mais acentuada, em termos percentuais, no período em análise, atingindo os 29,1%. Leite, queijo, iogurtes e manteiga podem agora representar uma despesa média de 14,82 euros, mais 3,34 euros do a 23 de fevereiro de 2022”, assinalou a DECO.
Também a carne tem visto os seus preços subir. “Em termos percentuais, o aumento foi já de 21,86%. Comprar um quilo de lombo de porco, de frango, de febras de porco, de costeletas do lombo de porco, de bifes de peru, de carne de novilho para cozer e de perna de peru custa esta semana, em média, 39,29 euros. Antes do início da guerra, a 23 de fevereiro de 2022, igual quantidade de carne custava menos 7,05 euros”, adiantou a Associação dos Consumidores.
A inflação faz-se sentir, ainda, nas restantes categorias de alimentos. Entre 23 de fevereiro de 2022 e 1 de fevereiro de 2023, o preço do peixe subiu 21,8%; o das mercearias subiu 19,64%; o das frutas e legumes aumentou 19,3%; e o dos congelados registou um acréscimo de 15,63%.
Quais os alimentos cujos preços mais aumentam?
Desde 5 de janeiro de 2022, a DECO PROTESTE tem monitorizado todas as quartas-feiras, com base nos preços recolhidos no dia anterior, os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais.
Esta análise tem revelado aumentos quase todas as semanas, com alguns produtos a registarem subidas de preços de dois dígitos de uma semana para a outra. Na última semana, entre 25 de janeiro e 1 de fevereiro de 2023, os produtos com maiores aumentos foram:
– a pescada fresca (mais 28%, ou seja, mais 2,34 euros por quilo);
– os medalhões de pescada (mais 16, ou seja, mais 98 cêntimos);
– o atum posta em azeite (mais 12%, ou seja, mais 20 cêntimos);
– o peito de peru fatiado (mais 9%, ou seja, mais 20 cêntimos);
– as ervilhas ultracongeladas (mais 8%, ou seja, 26 cêntimos);
– o alho seco (mais 7%, ou seja, mais 18 cêntimos);
– o azeite virgem (mais 7%, ou seja, mais 42 cêntimos);
– a dourada (mais 7%, ou seja, mais 43 cêntimos por quilo);
– o iogurte líquido (mais 7%, ou seja, mais 17 cêntimos);
– e a curgete (mais 5%, ou seja, mais 12 cêntimos por quilo).
Se compararmos o preço dos produtos a 23 de fevereiro de 2022 com os valores registados a 1 de fevereiro de 2023, os maiores aumentos registaram-se:
– na pescada fresca (mais 76%, ou seja, mais 4,58 euros por quilo);
– no arroz carolino (mais 72%, ou seja, mais 82 cêntimos por quilo);
– na polpa de tomate (mais 69%, ou seja, 62 cêntimos);
– na alface frisada (mais 65%, ou seja, mais 1,34 euros por quilo);
– na cenoura (mais 52%, ou seja, mais 40 cêntimos por quilo);
– no açúcar branco (mais 51%, ou seja, 57 cêntimos por quilo);
– no carapau (mais 50%, ou seja, mais 1,68 euros por quilo);
– na couve-coração (mais 49%, ou seja, mais 51 cêntimos por quilo);
– no leite UHT meio-gordo (mais 42%, ou seja, mais 29 cêntimos por litro);
– e no iogurte líquido (mais 42%, ou seja, mais 80 cêntimos).
A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).
“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, sublinha a Deco.
O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um setor há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.
“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, conclui.