Cabaz de alimentos essenciais está 11 euros mais caro do que há um ano. Cereais, flocos e atum subiram de preço na casa dos dois dígitos só na última semana

O custo do cabaz alimentar em Portugal tem vindo a aumentar de forma significativa, colocando pressão sobre o orçamento das famílias. De acordo com a monitorização da DECO PROteste, o preço do cabaz alimentar composto por 63 bens essenciais subiu 11 euros no último ano. Apesar de uma ligeira descida recente, os consumidores ainda pagam mais do que em 2023.

Evolução dos Preços na Última Semana

A DECO PROteste revelou que, na semana de 28 de agosto de 2024, o preço do cabaz alimentar situou-se nos 224,63 euros, uma diminuição de 1,83 euros (0,81%) face à semana anterior. Esta redução também é notável quando comparada com o início do ano, resultando numa descida de 11,42 euros (4,84%) desde a primeira semana de 2024.

No entanto, apesar desta tendência de descida nos preços, o custo atual ainda representa um aumento de 11 euros em relação ao que os consumidores pagavam há um ano, o que equivale a um acréscimo de 5,15%.

A DECO PROteste tem acompanhado a evolução dos preços dos bens alimentares essenciais desde janeiro de 2022. A monitorização ocorre semanalmente, todas as quartas-feiras, com base nos preços recolhidos no dia anterior nos principais supermercados que possuem loja online. O preço médio de cada produto é calculado com base nas diversas lojas, e o custo total do cabaz é obtido pela soma dos preços médios de todos os itens incluídos.

Produtos com Maiores Aumentos

Apesar da tendência de descida no preço global do cabaz alimentar, alguns produtos continuam a registar aumentos significativos. Entre 21 e 28 de agosto, os cereais integrais registaram um aumento de 21%, o atum posta em óleo vegetal subiu 12% e os flocos de cereais também aumentaram 12%.

Os 10 produtos que mais aumentaram de preço na última semana foram: cereais integrais (21%), atum posta em óleo vegetal (12%), flocos de cereais (12%), couve-flor (9%), arroz carolino (9%), queijo curado fatiado embalado (7%), massa espirais (7%), manteiga com sal (6%), óleo alimentar (5%), queijo flamengo fatiado (5%).

Desde o início de 2024, os maiores aumentos foram observados no atum posta em azeite (16%), nos flocos de cereais (13%), maçã gala (13%), óleo alimentar (9%), manteiga com sal (8%), alho seco (8%), batata-vermelha (8%), carne de novilho para cozer (7%), dourada (6%), lombo de porco (6%).

Causas para o Aumento dos Preços

O aumento dos preços dos alimentos tem raízes em diversos fatores globais e locais. A invasão da Ucrânia pela Rússia, um importante fornecedor de cereais para a União Europeia, gerou uma pressão adicional sobre o setor agroalimentar. Esta situação agravou-se pela pandemia e pela seca, que já estavam a afetar a produção. A escassez de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, especialmente em fertilizantes e energia, refletiram-se nos preços ao consumidor, resultando num aumento significativo em produtos como carne, hortofrutícolas, cereais e óleo vegetal ao longo de 2022.

O impacto dos aumentos de preços ao consumidor foi sentido de forma ampla em 2022, levando a taxa de inflação a níveis históricos. Contudo, a inflação começou a abrandar nos primeiros meses de 2023. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação caiu para 1,4% em dezembro de 2023, mas voltou a subir no início de 2024. Em julho, a taxa de inflação desceu novamente para 2,5%, uma redução face aos 2,8% registados em junho.

Impacto do Fim do IVA Zero

Para mitigar a subida dos preços, o Governo português implementou a isenção de IVA num cabaz de mais de 40 alimentos entre 18 de abril de 2023 e 4 de janeiro de 2024. Esta medida, acordada com o retalho alimentar e o setor agroalimentar, foi definida com base nas recomendações da Direção-Geral da Saúde e incluía os alimentos mais consumidos pelas famílias.

Desde o fim da isenção de IVA, a 4 de janeiro, o preço do cabaz alimentar desceu 4,08 euros (2,87%), passando de 141,97 euros para 137,90 euros a 28 de agosto. No entanto, alguns produtos registaram aumentos acentuados desde o término da isenção. O atum posta em azeite, o óleo alimentar e a manteiga com sal foram os mais afetados, com aumentos de 17%, 13% e 10%, respetivamente.

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