Cabaz alimentar volta a descer…menos de 0,1%. Do café aos brócolos, esta é a lista dos produtos que mais aumentaram

Depois de, na semana passada, o cabaz alimentar de produtos essenciais ter descido 0,08% de preço, esta semana voltou a registar-se uma descida… exatamente igual. Segundo a mais recente análise da Deco/Proteste, o cabaz alimentar considerado custava esta semana 222,62 euros euros, uma redução novamente de 0,17 euros face à anterior, quando se cumpriu uma semana da aplicação da medida do IVA zero em alguns produtos (antes disso, tinha registado uma descida de quase 3,5 euros).

Assim, quando comparado ao mesmo cabaz comprado antes da guerra na Ucrânia (a 23 de fevereiro de 2022), o preço aumentou 38,99 euros (21,23%).

Desde o início do ano, e mesmo com o abrandamento da taxa de inflação, o cabaz já subiu 3,21 euros (mais 1,46%), sendo que comparando o valor desta semana com o mesmo cabaz comprado há um ano, o aumento é de 16,63 euros, ou seja, mais 8,07%.

A associação de defesa do consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.

Na última semana, os dez produtos com maiores subidas de preço foram o café torrado moído (16%), o iogurte líquido morango (10%), os bróculos e os cereais (9%), os flocos de cereais e o grão cozido (8%), o óleo alimentar 100% vegetal (7%), o carapau, o pão de forma sem côdea e o peixe-espada preto (6%).

Já os dez produtos que mais viram o seu preço aumentar desde o início da guerra na Ucrânia, ou seja desde 24 de fevereiro de 2022, foram o arroz carolino (89%), a cebola (73%), a polpa de tomate (61%), a cenoura (61%), os flocos de cereais (60%), o salmão (59%), o açúcar branco (52%), a couve coração (47%), o carapau (46%) e a pescada fresca (46%).

A maior subida de preços, desde início da guerra na Ucrânia até agora, registou-se nas categorias de mercearia (26,94%, mais 11,35 euros) e peixe (25,10%, aumento de 15,14 euros).

Cabaz IVA zero desce 80 cêntimos
A Deco/Proteste analisa também outro cabaz de 41 produtos aos quais se aplica a medida IVA zero do Governo, para monitorizar as variações de preços destes bens.

Face à semana anterior, os 10 produtos IVA zero que mais aumentaram foram: o iogurte líquido (10%), os brócolos (9%), o óleo alimentar (7%), o carapau, o pão de forma sem côdea, o atum posta em óleo vegetal e a batata vermelha (6%), a perna de peru e o arroz carolino (5%) e o queijo flamengo fatiado embalado (4%).

Desde que a medida do IVA zero entrou em vigor (18 de abril), e comparando os preços na véspera de a medida ser aplicada, verifica-se que os seguintes produtos tiveram as maiores variações de preço: iogurte líquido (12%), atum posta em óleo vegetal (5%), massa espirais (4%), pão de forma sem côdea (3%), brócolos (-1%), arroz carolino (-1%), maçã golden (-2%), manteiga com sal (-3%), frango inteiro (-3%) e queijo flamengo fatiado embalado (-3%).

A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).

“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, acrescenta a Deco.

O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um sector há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.

“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, sublinha.

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