Bruxelas pede explicações à AstraZeneca sobre as 29 milhões de doses ‘escondidas’ em fábrica italiana
A descoberta de 29 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca num armazém da empresa americana Catalent, em Itália, agitou Bruxelas, que já exigiu um esclarecimento à empresa farmacêutica.
O vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, pediu à empresa explicações sobre o destino destas vacinas. “Cabe à empresa clarificar as suas intenções”, disse, citado pelo El País.
Segundo o Comissário do Mercado Interno, Thierry Breton, numa entrevista ao canal SER, estas doses serão distribuídas entre os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) quando obtiverem a autorização da Agência Europeia de Medicamentos.
Bruxelas tem sido taxativa na saída das vacinas produzidas na UE para os países que não exportam ou que estão mais avançados na imunização. A restrição aponta para o Reino Unido, que já administrou, pelo menos, uma dose a mais de 40% da população graças, em grande parte, à chegada de quase 11 milhões de doses da UE.
“Continuamos a ser o maior exportador de vacinas. Ninguém está a fazer tanto como nós”, disse o vice-presidente executivo da Comissão Europeia.
A Europa enfrenta uma terceira vaga de infeções sem ter feito progressos suficientes nas campanhas de vacinação, devido, em parte, aos cortes nas entregas por parte da AstraZeneca. Valdis Dombrovskis denunciou novamente que a farmacêutica está “muito longe” de cumprir o estipulado, e observou que não chegará, sequer, às 30 milhões de doses prometidas.
Dombrovskis declarou que o novo mecanismo para restringir a exportação de vacinas não visa nenhum país específico, mas apelou a uma análise dos dados sobre as exportações. “Desde que criámos o sistema de autorização, exportamos 10 milhões de vacinas para o Reino Unido. E o Reino Unido não exportou nenhumas para a UE”, afirmou.
“O nosso mecanismo não é dirigido a nenhum país em particular, mas temos de assegurar que vacinamos a nossa população na UE e estamos agora atrasados”, sublinhou o vice-presidente da Comissão Europeia.
A UE recebeu um total de 381 pedidos de exportação para 33 destinos diferentes desde que começou a autorizar a saída de vacinas. Apenas um, de Itália para a Austrália, foi bloqueado. Os restantes receberam ‘luz verde’. No total, 43 milhões de doses foram exportadas para 33 países.
O Reino Unido é o primeiro destinatário (10,9 milhões), seguido pelo Canadá (6,6 milhões), Japão (5,4 milhões), México (4,4 milhões), Arábia Saudita (1,5 milhões), Singapura (1,5 milhões), Chile (1,5 milhões), Hong Kong (1,3 milhões), Coreia do Sul (1 milhão) e ainda Austrália (1 milhão).