Brexit: Comércio, bens e pessoas estão a deslocar-se para a Europa

Os receios de que a potência financeira londrina que emergiu da desregulamentação da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, em 1986, seja gradualmente desmantelada aprofundaram-se, à medida que o Reino Unido entra no último mês do período de transição de Brexit, sem um acordo à vista.

“A cidade de Londres foi atirada aos leões”, disse à Bloomberg Alasdair Haynes, diretor executivo da empresa Aquis, acrescentando que o Reino Unido poderá perder ainda mais negócios do que esperava se os gestores de gigantescos ativos americanos decidirem negociar antes em Paris ou Amesterdão.

Há sinais crescentes de que o comércio, bens e pessoas estão a deslocar-se para a Europa, como indica a Bloomberg, devido ao ‘divórcio’ entre o Reino Unido e a União Europeia (UE).

Por exemplo, a plataforma de negociação de ações Turquoise Europe da London Stock Exchange Group Plc vai passar a funcionar em Amesterdão. Junta-se à Cboe Europe e a Aquis Exchange Plc que se instalam no continente europeu como parte dos seus planos para o Brexit, o que contrasta com os finais da década de 1980, altura em que Londres se tornou o palco para a negociação de ações.

Na semana passada, o Goldman Sachs Group disse ter-se candidatado aos reguladores franceses para abrir a sua plataforma de ações SIGMA X Europe, em Paris, a partir de 4 de janeiro. A sócia do Goldman, Elizabeth Martin, espera que a maior parte dos 8,6 mil milhões de euros por dia, no comércio de ações europeias com sede em Londres, se transfira para o bloco europeu.

A Aquis também já estabeleceu uma plataforma na capital francesa. Outras plataformas de negociação, como a Liquidnet, estão a avançar para Dublin, para assegurar que podem servir os clientes.

Os dois lados estão em contrarrelógio para concluir, até final do ano, um acordo de comércio pós-Brexit que possa entrar em vigor em 2021, quando cessa o período de transição que mantém o acesso do Reino Unido ao mercado único europeu.

O Reino Unido saiu da UE a 31 de janeiro e beneficia de um período de transição que mantém o acesso ao mercado único e união aduaneira do bloco europeu até ao final deste ano.

Caso não consigam negociar um pacto bilateral, a partir de 1 de janeiro de 2021, o Reino Unido e a UE passarão a negociar com base nas regulamentações genéricas menos vantajosas da Organização Mundial do Comércio.

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