Brexit: Alimentos especiais voltam à mesa. UE «estupefacta» com insistência do Reino Unido

O governo do Reino Unido voltou a insistir no debate sobre o plano de protecção de produtos alimentares especiais, como o presunto de Parma, queijo roquefort e champanhe, o que deixou o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, «estupefacto», avança o ‘The Guardian’.

A proposta britânica faz parte de um projecto de acordo de livre comércio entregue a Barnier por parte do seu colega, David Frost, na semana passada, de acordo com duas fontes da UE.

O acordo de saída do Reino Unido, assinado entre Boris Johnson e os líderes da UE,  preserva o status de alimentos e bebidas protegidos pela política de indicações geográficas (IG) europeias.

Esta é uma das principais prioridades para os negociadores comerciais da UE, uma vez que essas regras impedem que os vinicultores ingleses ou espanhóis classifiquem o seu vinho espumante como ‘champanhe’, por exemplo,que se aplica apenas aos franceses, ou que considerem o seu queijo feta, produzido apenas na Grécia.

De acordo com fontes da UE, o Reino Unido está a tentar aliviar essa mesma protecção geográfica, enquanto mantém o status especial para produtos britânicos, como o uísque escocês, tortas de porco Melton Mowbray e pastéis da Cornualha .

Contudo, as autoridades do bloco descartaram a medida.  «Isso simplesmente não vai acontecer», disse um funcionário citado pelo ‘The Guardian’.

A insistência na proposta, lançada já nos estágios iniciais das negociações comerciais do ano passado, causou espanto no bloco. «Ficámos de boca aberta. Por que haveriam de sugerir isto numa negociação séria?» disse a fonte da UE. Barnier ficou «estupefacto», acrescentou.

O governo britânico contesta a posição da UE e alega que Barnier está a fazer exigências sem precedentes para vincular o Reino Unido aos padrões europeus, que não fez a outros parceiros comerciais como Canadá ou Japão.

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