Brasil: Com Lula da Silva eleito, um dos desafios é “passar alguma credibilidade para o mercado”, diz analista
O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), Luís Inácio Lula da Silva, foi eleito na segunda-feira Presidente brasileiro, com 50,83% dos votos, derrotando Jair Bolsonaro (extrema-direita), que obteve 49,17%, quando estão contadas 98,81% das secções eleitorais.
Lula da Silva, que já cumpriu dois mandatos entre 2003 e 2011, regressa ao Palácio da Alvorado após uma vitória na segunda volta, pela primeira na história democrática recente do Brasil, sobre um chefe de Estado que era recandidato.
Eduardo Boechat, Analista da ActivTrades, explicou à ‘Executive Digest’ que, “do ponto de vista prático, o próximo governo tem vários desafios, o primeiro será passar alguma credibilidade para o mercado, com o anúncio dos Ministros da área económica”.
“O debate económico durante a campanha foi muito pobre de lado a lado, e há muitas dúvidas que foram deixadas sem resposta. Lula disse várias vezes que é contra a lei do Teto de Gastos, mas sem ser muito explícito sobre como pretende administrar as contas públicas. Também disse que é contra a reforma trabalhista, que foi um sucesso total, diminuindo o número de processos na Justiça do Trabalho e aumentando o interesse dos empresários em contratar novos funcionários.”
O analista acrescentou ainda que “o futuro governo terá um Congresso Nacional mais hostil e boa parte do Orçamento já comprometido para 2023. Bolsonaro tinha a agricultura como grande representante e pode também essa ser uma dificuldade. Lula tem a seu favor o facto de ser extremamente pragmático e muito hábil nas articulações políticas”.
“Conta com o apoio, mesmo que oculto, do setor financeiro e com o apoio da maioria dos países europeus, EUA e China. Acredito que as eleições brasileiras têm muitas coincidências com a última eleição nos EUA, entre Trump e Biden, inclusive com o mesmo resultado eleitoral. É importante Lula tomar as decisões o mais rápido possível, para que sua popularidade não caia rapidamente, como aconteceu com Biden”, conclui Eduardo Boechat.