“Bomba demográfica” faz com que este país perca 100 milhões de trabalhadores a cada 10 anos
A China enfrenta um desafio demográfico sem precedentes, que pode ultrapassar as dificuldades observadas na Europa e no Japão. A economia chinesa está projetada para perder 100 milhões de trabalhadores a cada década, com previsões alarmantes sobre o futuro da população ativa.
O recente relatório dos estrategistas da Apollo ilustra uma descida acentuada da população em idade ativa, que atualmente se aproxima de 1.000 milhões e deverá cair para 400 milhões até 2100, revela o ‘elEconomista’.
O envelhecimento da população chinesa é notável: a população do país diminuiu pelo segundo ano consecutivo em 2023. A proporção de indivíduos com 60 anos ou mais deverá representar cerca de 30% até 2035, em contraste com 14,2% em 2021. Projeções da ONU indicam que até 2070, os idosos poderão constituir mais de 50% da população. A esperança de vida na China, que atingiu 78 anos em 2021, deve exceder 80 anos até 2050.
Em comparação com a Índia, que verá um aumento de 100 milhões na sua população ativa nas próximas duas décadas, a China registará uma redução similar. O Danske Bank prevê que a Índia substituirá a China como o país com a maior população ativa, atingindo 1,1 mil milhões de pessoas, enquanto a China verá a sua população ativa diminuir para 850 milhões.
A China anunciou que irá aumentar gradualmente a idade de reforma pela primeira vez desde a década de 1950, numa tentativa de enfrentar o rápido envelhecimento da população e a pressão crescente sobre o orçamento da segurança social.
A decisão, tomada pelo principal órgão legislativo chinês, visa reestruturar o sistema previdenciário para garantir a sua sustentabilidade a longo prazo.
Segundo as novas diretrizes aprovadas na sexta-feira, a idade de reforma para mulheres em empregos de trabalho manual passará de 50 para 55 anos, e de 55 para 58 anos para outros trabalhos. Para os homens, a idade será aumentada dos atuais 60 para 63 anos. Esta mudança entrará em vigor a partir de 1 de janeiro de 2025 e será implementada progressivamente ao longo dos próximos 15 anos.
Atualmente, a China tem uma das idades de reforma mais baixas do mundo, mas a pressão demográfica, associada à diminuição das taxas de natalidade e ao aumento da esperança média de vida – que chegou a 78,2 anos em 2023 – forçou o país a tomar medidas. Estima-se que, até 2040, um terço da população chinesa tenha mais de 60 anos, o que equivale a cerca de 402 milhões de pessoas.
O plano também introduz novas regras, como o aumento das contribuições ao sistema de previdência social a partir de 2030, sendo necessário acumular 20 anos de contribuições até 2039 para aceder à pensão completa. Serão ainda proibidas reformas antes da idade legal, mas os trabalhadores terão a opção de adiar a reforma até um máximo de três anos.
A situação demográfica da China tem sido agravada por décadas de políticas restritivas de natalidade e pelo impacto económico da pandemia de Covid-19. Um estudo da Academia Chinesa de Ciências Sociais, realizado em 2019, estimou que o principal fundo de pensões do país poderia esgotar-se até 2035, e isso antes de contabilizar os efeitos da pandemia.