“Bomba ao retardador”: Governo procura proteger ministra da Saúde após caos na gestão da greve do INEM
O Governo procura evitar que as 11 mortes alegadamente resultado dos constrangimentos do INEM venham a ser politicamente imputadas à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e impedir assim a primeira queda no Governo: segundo o jornal ‘Observador’, a narrativa para proteger a ministra está já a ser desenhada, embora os inquéritos judiciais e investigações do IGAS venham agravar a crise política vivida no ministério.
“É muito difícil que a culpa venha a morrer solteira”, referiu um membro do Governo: a questão é saber sobre quem pode recair a responsabilidade. Mas, no Executivo, sabe-se que é muito difícil que o assunto venha a atormentar o Governo mais à rente. “É uma bomba ao retardador.”
A possível saída de Ana Paula Martins seria uma porta aberta do Governo para ficar completamente exposto à oposição, sendo que o ciclo político que se aproxima não aconselha grandes aventuras. A seguir ao Orçamento do Estado, o país político entra em modo autárquicas, eleições que Luís Montenegro pretende vencer para impedir que Pedro Nuno Santos ganhe moral e tenha a tentação de provocar uma crise política – dar um sinal de fragilidade, com a saída de uma ministra ao fim de sete meses, é um cenário que o primeiro-ministro não deseja.
“A ministra só assumiu a tutela do INEM agora”, referiu à publicação online um membro da equipa de Montenegro, que tem uma leitura política óbvia: a secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé, não estava a dar conta do recado.
No entanto, Ana Paula Martins sai fragilizada: no Parlamento, a ministra garantiu que assumiria “total responsabilidade” pelo que correu “menos bem no INEM”, salientando que saberia “interpretar os resultados” das investigações em curso para retirar as devidas conclusões. Mas, provavelmente, alguém terá de cair e Cristina Vaz Tomé vai ganhando força para ser a primeira ‘vítima’ política.