Boicote dos Estados Unidos à Huawei é «hipocrisia». China recorda polémica sobre escutas ao telemóvel de Merkel

A China acusou os Estados Unidos de ter um duplo critério na guerra com a gigante das telecomunicações Huawei, repetindo antigas alegações de que o telefone da chanceler alemã Angela Merkel esteve sob escuta americana durante 10 anos.

Este domingo, o embaixador dos Estados Unidos na Alemanha, Richard Grenell, partilhou no Twitter que o Presidente dos Estados Unidos o havia chamado e instruído a «deixar claro que qualquer nação que opte por usar um fornecedor 5G pouco confiável comprometerá a nossa capacidade de partilhar tecnologia e informações ao mais alto nível».

 

A ameaça de interromper a partilha de informações tem sido um argumento usado várias vezes pelos Estados Unidos, inclusive contra o Reino Unido, que recentemente permitiu à Huawei desempenhar um papel limitado nas suas redes 5G.

Os Estados Unidos lideram há um ano um boicote à tecnológica chinesa e têm feito pressão nos países aliados, sobretudo na União Europeia, por suspeitas de utilização por parte do Governo chinês dos seus grupos de telecomunicações para actos de espionagem. A Huawei está na lista negra do Departamento do Comércio dos Estados Unidos, sendo que Austrália e a Nova Zelândia bloquearam a utilização de tecnologia fornecida pela chinesa.

A gigante chinesa, por sua vez, tem negado reiteradamente que o Governo chinês alguma vez lhe tenha pedido para introduzir «portas traseiras» secretas na sua tecnologia, oferecendo-se até para assinar um «acordo de não espionagem» com os países que a adoptem.

Em reacção ao tweet de Grenell,  a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, acusou Washington de hipocrisia. «Quem é que ele [Richard Grennell] está a ameaçar? Quem é a verdadeira ameaça? Lembrem-se que Snowden [o homem que expôs o sistema de espionagem e vigilância da Agência Nacional de Segurança] disse que os EUA espiaram o telefone da chanceler Merkel!», escreveu no Twitter

 

Em 2013, a revista “Der Spiegel” noticiava que o telefone de Angela Merkel era alvo de espionagem desde 2002 e que Barack Obama saberia da situação desde 2010, citando documentos secretos a que teve acesso. Merkel telefonou ao então presidente norte-americano para pedir uma clarificação. A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos desmentiu.

Também em Junho do mesmo ano, a revista escrevia que os norte-americanos, através da Agência Nacional de Segurança, espiaram as comunicações das Nações Unidas e da União Europeia.

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