Boeing tem vindo a perder terreno. EUA em risco de ceder o mercado à Europa
Problemas na produção de aviões, acidentes com centenas de vítimas mortais e uma crise pandémica que veio afetar diretamente a aviação em todo o mundo estão no centro dos problemas que a Boeing enfrenta atualmente, correndo o risco de ceder lugar à gigante Airbus, que tem encaixado milhares de milhões de euros em pedidos de aeronaves.
O CEO da fabricante, Dave Calhoun, está agora a braços com um dilema multimilionário sobre como reconstruir as vendas do seu negócio, que tem vindo a por em causa o futuro do maior exportador dos EUA.
A Boeing está ainda a recuperar da polémica relacionada com a segurança das suas aeronaves, após a queda do 737 MAX, a par de um colapso das viagens aéreas causado pela pandemia. Crises que vieram ofuscar um risco mais profundo, e de longa data, sobre o negócio de jatos comerciais de passageiros da empresa.
A participação da Boeing no mercado de aviões de corredor único – onde compete num duopólio global com a Airbus – diminuiu de cerca de 50% há uma década para cerca de 35% depois da polémica com o 737 MAX, de acordo com a Agency Partners e outros analistas citados pela Reuters.
O A321neo, de corredor único da Airbus, alavancou as vendas da fabricante europeia, com milhares de milhões de euros em pedidos, enquanto os vários modelos do MAX lutavam para o bloquear.
Com um portefólio limitado e sem novos modelos previstos, os analistas alertam que os EUA correm o risco de ceder à Europa uma grande parte desse mercado – avaliado pelos fabricantes de aviões em cerca de 2,8 biliões de euros em 20 anos.
A Boeing tem, no entanto, previsto trazer para o mercado, em 2029, um jato de corredor único, com cerca de 10% a mais de eficiência de combustível, o que poderá alavancar os pedidos já em 2023, de acordo com a Reuters.