Bloomberg: Preços das casas já afastam investidores estrangeiros do centro de Lisboa
A euforia do mercado imobiliário em Lisboa está a fazer com que os estrangeiros pensem duas vezes antes de investir na capital.
Como recorda a “Bloomberg”, a última grande crise, entre 2011 e 2014 – período de intervenção da Troika -, levou os investidores a apostarem em outros países. Os negócios não atraiam, excepto a Claude Kandiyoti, CEO da Krest. O belga procurava imóveis em Lisboa para comprar e viu uma janela de oportunidades na capital.
Em 2014, a Estamo (imobiliário do Estado) vendeu nove edifícios em Lisboa à imobiliária de Kandiyoti por 46,5 milhões de euros. Além do edifício da Alfândega de Lisboa, onde chegaram a funcionar alguns serviços da Autoridade Tributária e Aduaneira, foram também vendidos imóveis na Baixa e na Rua Rodrigo da Fonseca, também eles ocupados por serviços do Estado e institutos públicos.
O contrato-promessa de compra e venda foi celebrado entre o Estado português e a a Krestlis Portugal, uma empresa de Paços de Ferreira subsidiária da Krest Real Estate Investments, imobiliária familiar sediada em Bruxelas, na Bélgica. O valor acordado (46,5 milhões) foi 9,25 milhões superior ao que a Estamo tinha definido como preço-base: 37,25 milhões de euros.
Hoje, a Krest conta com um portefólio de 11 edifícios na zona central de Lisboa, adquiridos ao Estado no final de 2014, com um projecto em construção no Parque das Nações para uma torre de escritórios e um hotel.
«Não somos grandes promotores, somos apenas uma família que compreendeu o país», disse Kandiyoti. No entanto, faz soar os alarmes. Com os preços das casas a subir 60% em Lisboa desde o primeiro trimestre de 2016, alerta que a retracção pode vir a marcar os próximos tempos.
O belga considera que é altura de investir em projectos imobiliários mais acessíveis para a população local. «No final do dia, só os estrangeiros podem pagar», disse Kandiyoti, referindo-se aos preços no centro de Lisboa.
A Krest, recorde-se, está a construir um empreendimento residencial com três edifícios e 119 apartamentos em Miraflores num investimento de 55 milhões de euros, que deverá estar concluído em 2022. julho do próximo ano e estar concluído em 2022
O CEO da empresa refere que o projecto se destina a famílias e a «um novo tipo de português que está de volta e pode pagar». Os apartamentos terão valores entre os 3.500 e os cinco mil euros por metro quadrado, menos de metade do preço de um apartamento na Avenida da Liberdade, em Lisboa, onde o metro quadrado pode custar 10.500 euros, segundo a imobiliária Jones Lang LaSalle Inc.
No ano passado, a venda de imóveis a não-residentes em Lisboa representou 8,2%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. A capital portuguesa é uma das cidades europeias onde o metro quadrado é mais atractivo, de acordo com a Deloitte. Em 2018, o metro quadrado em Lisboa custava 3.482 euros, valor que contrasta com os 4.345 em Madrid e os 12.910 euros em Paris.