Blockchain na arte?
Os pioneiros do blockchain estão a criar uma nova era para o mercado da arte.
Por Yasmin Gagne, colaborada da Fast Company
Os líderes em ajuda humanitária, finanças e tecnologia, entre outras, abraçaram o registo difundido conhecido como blockchain para tornar as suas operações mais transparentes. O mundo da arte está também a fazer experiências, vendo a tecnologia como uma maneira de revolucionar como se compra e vende arte, acabar com a fraude e a evasão fiscal e reduzir a fricção durante o processo de leilão. Existem muitas formas através das quais compradores, vendedores e artistas estão a abraçar este novo meio.
O ARTISTA
Os artistas visuais estão cada vez mais a criar arte digital, que pode nem sequer ter presença física. Os ficheiros digitais, porém, podem ser duplicados e distribuídos sem consentimento do artista. Ao registarem o seu trabalho no blockchain, os artistas conseguem estabelecer o direito de propriedade, ou seja, um mercado secundário. Alguns estão a usar a própria tecnologia blockchain como tela.
Este mês de Fevereiro, o artista Kevin Abosch vendeu o Forever Rose a um conjunto de investidores em troca de criptomoeda no valor de 900 milhões de euros. Cada comprador recebeu um décimo de uma rosa virtual – na verdade, uma parte de código – como token no blockchain, que podem guar- dar, vender ou oferecer.
O COLECCIONADOR
As falsificações continuam a ser frequentes no mundo da arte. Os coleccionadores que se preocupam com a autenticidade de uma compra podem usar o blockchain para localizarem os antigos proprietários. Várias startups, incluindo a Codex e a Verisart, oferecem serviços de registos e certificação a artistas, coleccionadores e galerias. Quando uma obra é registada, os pormenores das suas características físicas e do historial são guardados numa entrada com registo de tempo no blockchain, a qual pode ser verificada. «Vejo o blockchain como o LinkedIn», afirma Robert Norton, CEO da Verisart. «Uma declaração por verificar pode parecer suspeito, mas uma declaração recomendada por outras pessoas tem mais valor e credibilidade.»
O INVESTIDOR EM ARTE
A Maecenas, uma empresa com sede em Singapura, está a usar a criptomoeda para vender quotas de obras de arte. Em Julho, a empresa juntou-se à galeria Dadiani Syndicate para a sua primeira venda, oferecendo uma quota de 31,5% no “14 Small Electric Chairs” de Andy Warhol, no valor de cinco milhões de euros. «Não estamos a vender arte, mas um produto financeiro», afirma Kim Randall-Stevens, directora de Aquisições e Vendas da Maecenas. «Qualquer pessoa que queira liquidar uma fracção da sua obra de arte poderá fazê-lo.» Nos próximos meses, a empresa irá lançar uma plataforma com base no blockchain para comercializar essas quotas.
AS LEILOEIRAS
A Christie’s testou um serviço de encriptação e registo com base no blockchain no leilão de Novembro da colecção Barney A. Ebsworth, em Nova Iorque. A leiloeira trabalhou com o serviço de registo de arte Artory para criar um certificado digital para obras numa venda calculada em 270 milhões de euros (que inclui obras de Edward Hopper e Georgia O’Keeffe). O certificado regista uma descrição do trabalho e do preço e verifica a sua proveniência à medida que é comprado e vendido. Richard Entrup, Chief Information Officer da Christie’s, afirma que os benefícios do blockchain incluem «um aumento da transparência e da segurança dos dados a longo prazo para informações relevantes sobre as obras de arte».
Este artigo foi publicado na edição de Fevereiro de 2019 da Executive Digest.