Black Friday: Quando os descontos são uma ilusão. Deco revela a verdade sobre as promoções nas lojas em Portugal
A Black Friday, tradicionalmente marcada para o final de novembro, tem vindo a alargar as suas campanhas de descontos, que este ano começaram já no final de outubro e se estenderão até dezembro. Contudo, uma investigação da DECO PROteste revelou que nem todas as ofertas são o que parecem. Entre 4 e 5 de novembro de 2024, a organização analisou as promoções iniciais de Black Friday de algumas das maiores lojas online em Portugal, como El Corte Inglés, FNAC, Media Markt e Worten.
O estudo demonstrou que, apesar de algumas promoções representarem descontos reais, outras são uma falácia. Em muitos casos, as lojas têm vindo a manipular os preços, comparando-os com valores irrealistas ou com preços inflacionados para dar a falsa impressão de grandes descontos. A DECO PROteste sublinha que, à semelhança dos anos anteriores, algumas lojas não estão a cumprir a legislação que exige que as promoções considerem o preço mais baixo praticado nos últimos 30 dias.
Entre os casos analisados, destaca-se a Worten, que anunciou um desconto direto de 40 euros numa máquina de café Nespresso, mas o produto nunca havia sido vendido a um preço inferior ao anunciado, violando a exigência legal de comparar o preço atual com o mais baixo praticado nos 30 dias anteriores. A loja também não indicou claramente o preço anterior de referência.
A Media Markt apresentou uma campanha de Black Friday para o smartphone Samsung Galaxy A25 5G, mas comparando-o com um preço de venda ao público recomendado de 319,99 euros, quando o mesmo aparelho foi vendido na loja por 199,99 euros apenas dias antes, um preço inferior ao da promoção.
Na FNAC, o smartphone Samsung Galaxy S24 Ultra estava em promoção por 1249 euros, mas, entre 25 e 28 de outubro, foi possível adquiri-lo por 49 euros mais barato. Além disso, o preço de referência utilizado pela loja estava inflacionado, uma vez que nunca foi praticado o valor indicado como PVPR (preço de venda ao público recomendado).
O El Corte Inglés também foi criticado por anunciar um desconto de 46% numa televisão LG, comparando-o com um preço riscado de 1349,99 euros, quando, na realidade, o produto esteve à venda por 650,99 euros dias antes da campanha.
“A estratégia dos comerciantes de comparar o seu preço com um preço de venda ao público recomendado pelo fabricante do produto (PVPR) ou com um suposto “preço de mercado” parece ter o propósito de levar o consumidor a acreditar que estão em causa verdadeiras reduções de preço. No entanto, estas estratégias não conferem qualquer vantagem real ao consumidor e podem ser confundidas com reduções efetivas de preço praticadas pela loja”, alerta a DECO PROteste.
Face a estas violações, a organização de defesa do consumidor pede que os consumidores denunciem práticas fraudulentas, já que as infrações podem levar à aplicação de coimas.
Com a chegada da Black Friday, é fundamental que os consumidores saibam como identificar ofertas reais e não se deixem enganar por promoções falsas.