BES/GES: Ulrich diz que contribuintes não suportaram “um cêntimo” da resolução

O presidente do conselho de administração do BPI, Fernando Ulrich, afirmou hoje que os contribuintes não gastaram dinheiro com a resolução do Banco Espírito Santo (BES) e defendeu que a responsabilidade do colapso não foi do Banco de Portugal.

“Estouraram 20 ‘bis’ [mil milhões de euros]. Os contribuintes não suportaram nem vão suportar um cêntimo. Quem perdeu foram os acionistas do BES, os obrigacionistas que passaram para o ‘banco mau’, os bancos – através do Fundo de Resolução – e os clientes que compraram papel comercial”, declarou o atual ‘chairman’ do BPI.

Ouvido como testemunha no quinto dia do julgamento do processo BES/GES, numa audição marcada por alguns momentos mais tensos, Fernando Ulrich vincou que só conhece três dos 18 arguidos, ao notar que deviam estar também em julgamento os conselhos de administração do BES e do GES, considerando que a ruína do Grupo Espírito Santo deveria ser tratada judicialmente como “gestão danosa”.

“Na altura estava muito preocupado com o impacto que a resolução podia ter para todos os bancos (e para o BPI), poderia ter destruído um terço do nosso capital… e destruiu, mas como foi distribuído por 40 anos tornou-se indolor. Do ponto de vista do interesse público, achei que acabou por ser um problema bem resolvido. Não gostei na altura, mas não houve crise sistémica, não houve fuga de depósitos, não houve perda de confiança na divida soberana portuguesa ou nos bancos”, referiu o banqueiro sobre a medida de resolução aplicada ao BES.

Fernando Ulrich criticou o rumo da inquirição e vaticinou que o “julgamento vai durar anos”, ao que a presidente do coletivo de juízes, Helena Susano, contrapôs questionando se o ‘chairman’ do BPI tinha alguma “bola de cristal” e procurou limitar o que designou de “estados de alma” nas respostas de Ulrich. No entanto, o banqueiro expressou ainda dois desejos pessoais para o desfecho deste julgamento.

“Que encontrem soluções que possam compensar – ainda que parcialmente – as vítimas e que possa sair daqui uma pedagogia para as próximas gerações do que não se deve fazer. O governo estava errado, a gestão foi imprudente… e dos arguidos eu só conheço três. Há alguma coisa errada aqui”, sintetizou.

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