Bebé luso-palestiniana impedida de voltar para casa pelos serviços sociais. Pai culpa o Estado português e pede ajuda

A bebé luso-palestiniana que foi a única sobrevivente de um ataque de Israel contra três edifícios em Gaza, e que chegou há uma semana a Portugal, continua internada no Hospital de Santa Maria, apesar de já ter tido alta clínica, e impedida de voltar com o pai, Ahmad, para casa.

A relutância do hospital em dar a ‘luz verde’ que permite a saída da menina de um ano está relacionada com a avaliação feita pelos serviços sociais. A assistente social que acompanha o caso indicou, no relatório a que a SIC teve acesso que o luso-palestiniano é “um pai presente, interessado que se envolve nos cuidados à sua filha” e que “é competente nos mesmos”, mas que, apesar de não haver uma !situação de perigo”, existem “fatores de vulnerabilidade, ausência de rendimentos, situação de despejo da habitação onde reside”.

Ahmad está há nove anos em Portugal e está a fazer o doutoramento em Engenharia Civil, Viu a mulher, os filhos mais velhos e os pais morrerem todos num bombardeamento de Israel a Gaza, mas diz que está “feliz” por poder ver a filha após tamanha “tragédia”. “A única força que tenho é a Nour, é a única pessoa que me dá força: Se não a tiver comigo, não sei como vou continuar”, lamenta.

Os serviços sociais assinalam que a casa do luso-palestiniano não tem frigorífico, nem fogão, e que não existe “apoio alimentar”.

Acresce que o pai está desempregado e em vias de perder a casa, com uma ação de despejo já a correr nos tribunais. “Tenho medo, sim”, admite Ahmad, questionado sobre se teme ficar sem a filha.

“A minha vida acabou em Gaza”, lamenta emocionado, perante a perspetiva de não poder ficar com a criança.

“Não estou feliz com o apoio do Estado. É uma tragédia enorme, e eu quero trabalhar, estou a procurar trabalho, mas esperava apoios do Estado. De certeza que podia fazer mais”, acusa o luso-palestiniano, que pede ajuda para encontrar uma casa que o possa acolher a ele e à pequena Nour.

Desiludido e desesperado, Ahmad pondera desistir dos estudos, mantendo apenas a esperança em sair do hospital, onde tem estado a dormir num sofá há uma semana, com a filha nos braços.

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