BdP aponta para recuperação de 3,9% da economia em 2021. PIB contrai 8,1% este ano
O Banco de Portugal (BdP) espera que em 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) português suba 3,9%, naquela que é a primeira projeção divulgada pela instituição para os próximos anos, revelada no Boletim Económico divulgado esta segunda-feira.
As suas previsões apontam ainda que a economia portuguesa vai contrair 8,1% este ano, iniciando, em 2021, uma trajetória de recuperação que se prolonga até 2023.
O regulador projeta ainda um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,9% em 2021, 4,5% em 2022 e 2,4% em 2023.
As projeções mantêm a estimativa para o PIB de 2020 divulgada em outubro, devido à conjugação de dois fatores de sentido oposto: a recuperação no terceiro trimestre foi superior ao antecipado, mas a evolução da pandemia e das medidas de contenção levaram à revisão em baixa da atividade no quarto trimestre.
“As restrições são gradualmente retiradas a partir do primeiro trimestre de 2021, embora a atividade permaneça condicionada até ao início de 2022, altura em que uma solução médica eficaz estará plenamente implementada. A atividade económica deverá retomar o nível anterior à pandemia no final de 2022”, reforça, em comunicado.
A retoma projetada beneficia das decisões de política monetária e orçamental de resposta à crise.
O BdP projeta também que a inflação, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor, se situe em -0,2% em 2020, aumentando para 0,3% em 2021, 0,9% em 2022 e 1,1% em 2023. Esta evolução dos preços é mais moderada do que a projetada para a área do euro.
A recuperação da atividade traduz-se numa melhoria no mercado de trabalho, perspetivando-se um aumento do emprego a partir de meados do próximo ano. Após uma diminuição de 2,3% em 2020, o emprego recupera de forma gradual em 2021-23. A taxa de desemprego aumenta para 7,2% em 2020 e 8,8% em 2021, reduzindo-se para 7,4% em 2023.
O consumo privado cai 6,8% em 2020 e, com a dissipação das medidas de contenção e da incerteza e refletindo a melhoria do mercado de trabalho, cresce ao longo do período 2021-23. O consumo público crescerá em todos os anos do horizonte de projeção.
A FBCF cai 2,8% em 2020, uma redução ligeira no contexto pandémico, após o que cresce a uma taxa média de 3,9% em 2021-23, sustentada pelas medidas de apoio às empresas e pelo recebimento de fundos europeus.
As exportações de bens e serviços reduzem-se 20,1% em 2020 e recuperam nos anos seguintes, com crescimento acumulado de 31,5% até 2023. A dissipação gradual das medidas de distanciamento social implicam uma recuperação mais lenta das exportações de turismo e serviços relacionados. Projeta-se que as importações de bens e serviços se reduzam 14,4% em 2020 e aumentem 24,7% até 2023.
O saldo da balança corrente e de capital torna-se negativo em 2020 (-0,6% do PIB) devido à redução do excedente de turismo. Nos anos seguintes, a economia volta a apresentar capacidade de financiamento, que atinge 2,7% do PIB em 2023. Esta evolução está associada à melhoria da balança de bens e serviços e ao aumento da entrada de fundos europeus, com destaque para os associados ao Next Generation EU.
Para o regulador, “as perspetivas económicas permanecem rodeadas de elevada incerteza, estando dependentes da evolução da pandemia e da rapidez da vacinação em larga escala. O ritmo da retoma da atividade económica será condicionado pelo impacto da crise sobre a capacidade produtiva e pela necessária reafectação de recursos entre empresas e entre setores. O aumento do endividamento público e privado e do risco de crédito colocam desafios importantes à economia portuguesa nos próximos anos”.
“As políticas nacionais e supranacionais vão continuar a ter um papel fundamental na recuperação e resiliência da economia nacional, devendo promover a retoma do investimento e a correta afetação de recursos”, conclui.