BCE vai apresentar perdas pela primeira vez em 19 anos
As empresas europeias não são as únicas a lidar com a apresentação de resultados do ano passado. O Banco Central Europeu (BCE) também tem de prestar contas, e fá-lo-á esta quinta-feira, dia em que apresentará os primeiros prejuízos operacionais desde 2004.
De acordo com o o jornal espanhol ‘elEconomista’ o regulador teve resultados negativos que ultrapassaram os 1.500 milhões de euros, sendo que a evolução dos resultados nos últimos anos reflete que as perdas de 2022 são inevitáveis.
Em 2019 o BCE teve um resultado positivo de 2.366 milhões de euros, o mais alto da história, e desde então tem vindo a deteriorar-se. Em 2020 os lucros rondaram os 1.600 milhões, e em 2021 192 milhões de euros o que conforme publicado na altura pelo BCE, “a diminuição dos lucros deveu-se maioritariamente a menores proveitos da carteira em dólares e dos valores mantidos para efeitos de política monetária, bem como a transferência para a provisão para riscos financeiros”.
No caso do BCE, as perdas resultam em parte da deterioração da valorização do seu balanço de ativos . Nos anos em que comprou massivamente dívida para tentar fazer subir a inflação, o balanço atingiu mais de 8,8 biliões de euros, uma dimensão muito grande que depois das quedas ocorridas no ano passado nos rendimentos fixos contribuem para gerar um resultado negativo para o regulador.
A isto há que acrescentar o aumento ocorrido no tipo de facilidade de depósito definida pela instituição, a percentagem que o BCE paga aos bancos pelo dinheiro que depositam. Segundo Daniel Gros, membro do conselho do Think Tank Centre for European Political Studies, citado pelo meio internacional, os juros médios da carteira de dívida do BCE são neste momento de 0,5%, bem abaixo dos 2,5% da zona euro.