BCE aumentou taxas de juro: “Empresas tendem a arriscar menos e podem recorrer a despedimentos para conter custos”, diz analista

O Conselho do BCE decidiu hoje aumentar as três principais taxas de juro do BCE em 75 pontos-base. Este é o terceiro grande aumento consecutivo da taxa de política monetária.

“Com este terceiro grande aumento consecutivo da taxa de política, o Conselho do BCE fez progressos substanciais na retirada do ajustamento da política monetária. O Conselho do BCE tomou a decisão de hoje, e espera aumentar ainda mais as taxas de juro, para assegurar o regresso atempado da inflação ao seu objectivo de 2% de inflação a médio prazo. O Conselho do BCE baseará a trajetória futura das taxas de política nas perspectivas de evolução da inflação e da economia, seguindo a sua abordagem de reunião por reunião”, diz o banco central em comunicado.

Henrique Tomé, analista da XTB, explica que “as questões em relação à inflação continuam a ser um tema chave para a decisão do banco central europeu que permanece empenhado em baixar os níveis de inflação através dos aumentos das taxas de juro que servem para arrefecer a atividade económica. O banco já sinalizou que a atividade económica está a diminuir na zona euro, mas este será o custo que todos nós teremos de pagar para conseguirmos travar a subida dos preços”.

“Para já, o impacto de juros mais altos afeta todos os agentes económicos e prejudica o desempenho da atividade económica, sendo que este último ponto já seria expectável e até desejável para conter os efeitos da inflação”, acrescenta.

No que toca às empresas, Henrique Tomé dá conta de que “à medida que os juros continuam a aumentar, os empréstimos tendem a tornar-se mais dispendiosos para quem precisa de recorrer a financiamento para alavancar o negócio. Por outro lado, a inflação também é prejudicial pois retira margens às empresas. Além disso, dada a conjuntura económica, as empresas tendem também a arriscar menos nos projetos e podem recorrer aos despedimentos para conter a sua estrutura de custos”.

Por fim, o analista define as famílias como “o agente económico mais prejudicado enquanto os níveis de inflação permanecem altos e as taxas de juro continuam a subir”, acrescentando que a inflação continua a retirar-lhes poder de compra, “enquanto que os aumentos dos juros também prejudicam, sobretudo as famílias que têm créditos à habitação que sentem, mais uma vez, o seu poder de compra a ser reduzido”.

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