Batata ‘quente’ prestes a cair-nos nas mãos? Tubérculo em risco de criar nova crise com preços a subir em flecha devido a quebras de produção

Após três anos de dificuldades, os preços dos alimentos começam a mostrar sinais de alívio. No entanto, uma exceção notável é a batata, cujo preço disparou nos supermercados, subindo 12% entre janeiro e agosto de 2023, conforme revela o Instituto Nacional de Estatística Espanhol, segundo dados citado pelo El Economista. Esta escalada de preços pode indicar o início de uma crise, com incertezas sobre se o aumento é temporário ou se reflete uma nova realidade no mercado.

O preço da batata em origem mais que duplicou nos últimos cinco anos, o que suscita preocupações. As principais razões para este aumento acentuado incluem a queda da produção nacional e uma redução nas importações de batata francesa, que é o principal concorrente no mercado. A Confederação de Agricultores e Ganadeiros (COAG) estima que a diferença entre o preço na origem e o custo ao consumidor pode atingir 267%.

A situação da produção é preocupante. Embora a campanha de colheita ainda não tenha terminado, as condições climáticas, caracterizadas por temperaturas extremas e a má qualidade das sementes, estão a afetar significativamente a produção. Especialistas preveem uma queda de 20% a 30% na colheita em várias parcelas.

Para os agricultores, a diminuição da produção não é, por enquanto, uma catástrofe, desde que os preços se mantenham elevados. Apesar da pouca produção, os preços estão a níveis históricos, reconhecidos por diversas organizações agrícolas. No entanto, os altos preços de origem são também atribuídos a uma crise no setor fitossanitário e à escassez de mão de obra, que têm elevado os custos de produção.

A situação em França agrava ainda mais os desafios. A produção francesa também diminuiu e a qualidade dos produtos é inferior, o que leva os agricultores a esperarem que as importações francesas continuem a estar presentes no mercado nacional.

Além das dificuldades enfrentadas pelos produtores, a Asaja, uma associação de agricultores, aponta para a responsabilidade dos consumidores. Estes devem estar cientes dos elevados custos de produção que o setor enfrenta, refletindo-se no aumento do preço das batatas. Nos últimos anos, o consumo de batatas caiu quase 11% em comparação a 2019, de acordo com dados da Fepex e do Ministério da Agricultura. Este cenário favoreceu a ascensão da batata congelada, que, embora ainda não represente grandes volumes, sugere uma mudança nas tendências de consumo em direção a produtos mais práticos e acessíveis.

As alterações nos hábitos alimentares dos cidadãos, que cada vez mais optam por refeições fora de casa, e a preferência por produtos congelados, tanto pela conveniência quanto pelo preço, são fatores que impulsionam esta mudança. Há um aumento na compra de batatas transformadas, sinalizando uma alteração nas preferências dos consumidores.

Enquanto o setor das batatas tenta evitar uma crise, o olhar está voltado para o Egito. O país norte-africano, que se firmou como um dos principais produtores mundiais, multiplicou por 20 as suas exportações para a Espanha nos últimos cinco anos. Ao mesmo tempo, a recente desvalorização da moeda egípcia tornou os produtos egípcios ainda mais atrativos para o mercado espanhol.

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