Bancos europeus mostram resiliência mas estes 2 desafios podem deitar tudo a perder

Os bancos europeus mostram-se, no geral, mais aptos para lidar com a actual pandemia do que estavam na crise financeira global de 2008. A conclusão é da CNBC e tem por base uma análise ao comportamento destas instituições financeiras, que apresentam uma estrutura mais resiliente – algumas até pretendem distribuir dividendos este ano.

Perante os mais recentes resultados trimestrais dos bancos da Europa, Arnaud Journois, vice-presidente da DBRS Morningstar, afirma que a informação mais importante a reter «é que não vimos uma deterioração na qualidade dos activos desde o início da crise».

Fahed Kunwar, da Redburn, apresenta uma visão semelhante: citado pela mesma publicação, indica que os resultados são fortes, já que três quartos dos bancos superaram as expectativas de receita. Além disso, perto de 90% também superou as previsões em termos de capital.

No entanto, há também alguns perigos à espreita. Os bons resultados dever-se-ão em parte ao trabalho dos bancos, mas também às medidas implementadas pelos vários governos e organizações europeias. Se, ao longo do próximo ano, estes apoios fiscais e económicos desaparecerem – ou forem reduzidos, pelo menos –, os bancos terão um grande desafio pela frente.

«Maus empréstimos vão começar a aparecer por volta do próximo ano. Será aí que teremos uma imagem mais clara de quão má é a situação no sector corporativo», garante Nick Andrews, analista na Gavekal.

Outro desafio ao virar da esquina prende-se com as taxas de juros. De acordo com Jes Staley, CEO do Barclays, tendo em conta o nível de investimento por parte dos governos, se as taxas de juros começarem a subir rapidamente, também o custo de resposta à pandemia será mais elevado.

Durante a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, as taxas de juros caíram para mínimos históricos, mas os bancos centrais podem aumentá-las de novos se os preços começarem a subir. Nick Andrews sublinha que este é um risco reduzido na Zona Euro, mas que poderá ser uma realidade no Reino Unido.

Nada disto deverá acontecer, porém, se os consumidores puderem voltar às lojas e aos restaurantes. Com um aumento dos gastos, os negócios e as empresas poderão sentir-se encorajados a investir mais, equilibrando também os resultados dos bancos.

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