Banco de Portugal teme correção dos preços no mercado imobiliário
O Banco de Portugal (BdP) apresentou hoje o Relatório de Estabilidade Financeira de junho de 2021.
No comunicado da instituição liderada por Mário Centeno, o supervisor destaca a possibilidade de “correção dos preços no mercado imobiliário residencial em Portugal, que pode decorrer, inter alia, da potencial retração da procura de imóveis por não residentes, que surja associada a uma deterioração das condições de financiamento internacionais e de uma queda adicional dos preços na sequência da ocorrido em 2020 para alguns segmentos (retalho e hotéis)”, no mercado imobiliário comercial.
O BdP prevê ainda a probabilidade de um risco de uma correção nos mercados financeiros internacionais, que poderá ser amplificado pela elevada alavancagem, pela exposição a ativos de menor qualidade creditícia e pela baixa liquidez na carteira do setor financeiro não bancário na área do euro.
O Banco de Portugal alerta que o elevado endividamento das administrações públicas e o aumento das responsabilidades contingentes “constituem uma vulnerabilidade da economia portuguesa” e salienta que a retirada das medidas de apoio, numa situação de endividamento elevado e de atividade ainda deprimida em alguns setores, potencia “a materialização do risco de crédito”.
A instituição financeira projeta, por fim, alguma rendibilidade baixa no setor bancário e reforço da ligação ao setor público, através do reforço da exposição a divida pública e da concessão de crédito com garantia pública.
O supervisor liderado por Mário Centeno reconhece que as medidas de apoio, “adotadas rápida e coordenadamente, evitaram a transmissão da crise ao setor financeiro”, face à pandemia que se instalou no país.
Porém, o Banco lembra que “a crise interrompeu o processo de ajustamento da economia portuguesa. A magnitude e a persistência da crise, juntamente com a diluição no tempo e a redistribuição dos custos da pandemia entre os setores privado e público, levaram a um aumento da dívida, em particular nas administrações públicas e nos sectores de atividade mais afetados pela crise”.
“No setor bancário, o reconhecimento atempado do risco de crédito reduziu a rendibilidade do setor. Os bancos, beneficiando igualmente de medidas adotadas, mantêm indicadores de liquidez e de solvabilidade resilientes, ao mesmo tempo que satisfazem as necessidades de financiamento da economia”, acrescenta a nota de imprensa publicada pelo BdP.