Banca europeia dividida sobre inflação

Os líderes dos principais bancos europeus não estão de acordo sobre a “temporalidade” da inflação na Europa.

Por um lado, o diretor executivo do Deutsche Bank, Christian Sewing está a preparar-se para uma inflação mais duradoura. Sewing argumenta que está na hora dos governadores dos bancos centrais começarem a pensar em como desenrolar anos de taxas de juro negativas que pesaram na rentabilidade dos credores.

A taxa de inflação na união monetária é improvável que volte a médio prazo para o nível pré-pandemia. Chegou a hora de falar de uma perspetiva de saída do modo de crise da política monetária”, defendeu o CEO do Deutsche Bank.

Também para o  CEO da Nordea, Frank Vang-Jensen ” Temos de nos preparar para alguma inflação e, assim, provavelmente também algumas taxas de juro aumentadas no futuro.” Os clientes estão a reportar aumentos de preços em toda a linha e “não é como 1%. São aumentos bastante elevados que normalmente também levarão a pressões sobre os níveis salariais a médio e longo prazo.”

Por outro lado, a presidente do Banco Santander SA, Ana Botin, e a sua homóloga do Swedbank classificam o aumento do índice de preços como um “pico temporário”, causado pela pandemia e outros fatores.

O CEO do Swedbank, Jens Henriksson “Surgiram várias preocupações, incluindo que a inflação está a aumentar. Tudo indica que se trata de um problema transitório ligado ao aumento dos preços da energia e das matérias-primas, à escassez de semicondutores e ao desfasamento do mercado de trabalho, mas existe o risco de persistir.”

“Esta é uma questão temporária? Acredito que é no sentido de que Covid é um one-off e criou um pico”, explicou Botin.

Já o governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, avançou para travar a subida das taxas de juro. Bailey defende este mês que o banco central “terá de agir” para conter a inflação.

Johan Torgeby, CEO da SEB AB, alertou na quarta-feira que o setor financeiro já estava a ver “muitas evidências anedóticas” de que os custos estão a aumentar para a compensação e tecnologia.

Já Christine Lagarde, a voz do banca europeia ouvida com mais atenção, acredita que este “é um movimento transitório”.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou no fim de setembro que o aumento da inflação na zona euro é temporário, devido à pandemia, defendendo que a política monetária não deve reagir “de forma exagerada” a esta subida.

“O principal desafio é garantir que não reagimos de forma exagerada a choques de oferta transitórios que não têm influência no médio prazo”, afirmou Lagarde no discurso de abertura do fórum anual do BCE, que normalmente se realiza em Sintra, mas este ano volta a ser ‘online’ devido à pandemia.

Christine Lagarde sublinhou que existe atualmente “uma fase inflacionista temporária relacionada com a reabertura” da economia, após os confinamentos determinados pela pandemia, e defendeu uma política monetária que permita “sair de forma segura da pandemia e fazer regressar a inflação, de forma sustentável, aos 2%”.

“Assim que esses efeitos da pandemia passarem, esperamos que a inflação diminua”, insistiu.

A presidente do BCE reiterou, assim, o que já havia dito na terça-feira, quando garantiu que o aumento da inflação na zona do euro, que disparou para 3% em agosto, é temporário.

“Só vamos reagir a aumentos da inflação que considerarmos duradouros e que se reflitam na dinâmica da inflação subjacente”, disse Lagarde, insistindo não ver “sinais” de que este aumento se esteja a generalizar a toda a economia.

A responsável máxima do supervisor bancário europeu referiu ainda que o inquérito do BCE a analistas monetários “também aponta para uma convergência gradual da inflação”, que se prevê que estabilize nos 2% em cinco anos.

Em Portugal, a Executive Digest contactou o presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos Paulo Macedo, estando à espera de resposta.

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