Banca concedeu 46 mil milhões de euros em moratórias até setembro
Neste final de ano, “o layoff simplificado, a suspensão temporária do serviço da dívida e a proibição da revogação de linhas de crédito contratadas proporcionadas pela moratória, o adiamento do cumprimento de algumas obrigações fiscais e contributivas e as linhas de crédito com garantia pública mitigaram as dificuldades de tesouraria das empresas”. A leitura é do Banco de Portugal (BdP) e foi agora divulgada no seu mais recente Relatório de Estabilidade Financeira.
Assim, segundo os números do regulador, a banca concedeu 46 mil milhões de euros em moratórias até setembro, representando um aumento de quase três mil milhões em comparação com junho, sendo que 24,4 mil milhões de euros eram empréstimos de famílias e os restantes 21,6 mil milhões de euros respeitam a empresas.
A proporção dos empréstimos a Sociedades Não Financeiras (SNF) em moratória, em junho, foi superior em Portugal por comparação ao observado no conjunto dos países da União Europeia, aproximadamente 30% face a 9%.
Por seu turno, cerca de 40% de novos empréstimos contratados por SNF entre março e setembro de 2020 estiveram associadas a linhas de crédito com garantia pública. Com referência a junho, o peso destas novas operações no stock total de empréstimos a empresas e particulares concedidos pelos bancos em Portugal foi um dos mais elevados entre o conjunto de países da União Europeia (2,1% face a 0,5%).
A procura de empréstimos bancários pelas empresas foi principalmente motivada por financiamento de existências e de necessidades de fundo de maneio, de acordo com o Inquérito aos bancos sobre os mercados de crédito do Banco de Portugal de julho e de outubro de 2020.
Estas linhas de crédito permitiram às empresas obter liquidez em condições mais vantajosas de taxa de juro e de maturidade dos empréstimos. As taxas de juro das novas operações com garantia pública foram, em média, inferiores às observadas nas operações sem este apoio: 1,3% nos empréstimos com garantia pública face a 2,4% nos empréstimos sem garantia pública.
As linhas de crédito com garantia pública possibilitaram também períodos de carência de capital até 18 meses nas novas operações. O peso muito significativo de novas operações com garantia pública contratualizadas com maturidade máxima (6 anos), que corresponderam a aproximadamente um terço do total de novas operações às empresas neste período, permitiu uma extensão do perfil de amortização dos empréstimos, uma dimensão fundamental para a resiliência das empresas, em particular para as PME e para empresas dos setores de atividade mais afetados pela pandemia.