Aversão ao risco e baixa literacia financeira dos portugueses prejudicam o planeamento de reformas

A mais recente Nota Informativa do Observatório da Despesa em Saúde revela que a aversão ao risco financeiro, o fraco planeamento atempado e a baixa literacia financeira são os principais fatores que condicionam a diversificação das poupanças e dificultam a segurança das reformas em Portugal.

O estudo, conduzido pelos investigadores Pedro Pita Barros, da Cátedra BPI | Fundação ‘la Caixa’ em Economia da Saúde, e Carolina Santos, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, destaca que o aumento da esperança média de vida e a redução da taxa de natalidade têm alterado significativamente a estrutura etária da população portuguesa.

Desde o início do século, a esperança média de vida à nascença tem vindo a aumentar, com projeções para 2100 a indicarem que os homens deverão viver até aos 89,8 anos e as mulheres até aos 93,2 anos. A esperança média de vida aos 65 anos também aumentou substancialmente, passando de 18,6 anos para 21,11 anos para as mulheres e de 15,24 anos para 18 anos para os homens entre 2000 e 2023.

Esta mudança na estrutura etária, com uma crescente proporção de idosos e muito idosos, coloca desafios económicos significativos, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade das pensões e à necessidade de poupança privada para a reforma. Com previsões da Comissão Europeia a apontar para uma redução na Taxa de Substituição Bruta das Pensões de Velhice, a importância do planeamento financeiro a longo prazo torna-se ainda mais evidente.

O estudo revela que, em 2022, a população portuguesa com 50 ou mais anos tem 75% da sua riqueza bruta total alocada em habitação própria, uma percentagem 11 pontos percentuais superior à média europeia. Esta elevada concentração em ativos imobiliários, associada à baixa participação em ativos financeiros, como títulos e ações, expõe a população a uma fraca capacidade para enfrentar despesas inesperadas em saúde. Em Portugal, 29% das despesas em saúde eram asseguradas diretamente pelos cidadãos em 2021, uma percentagem significativamente superior à média da OCDE.

A elevada aversão ao risco financeiro, com 88,52% dos agregados com 50 anos ou mais a reportarem não estar dispostos a correr riscos financeiros, sublinha a necessidade urgente de promover a literacia financeira.

Desenvolver programas de educação financeira é essencial para ajudar os portugueses a tomar decisões mais informadas e a planear de forma mais eficaz a sua reforma, garantindo assim uma maior resiliência financeira.

 

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