Autoridades brasileiras investigam atentado terrorista suicida após explosão junto ao Supremo Tribunal Federal
As autoridades brasileiras estão a investigar duas explosões que ocorreram na noite desta terça-feira nas imediações do Supremo Tribunal Federal (STF), localizado na emblemática Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A primeira explosão envolveu um veículo nas proximidades do edifício, seguida por outra junto à entrada do STF, onde foi encontrado o corpo de um homem que tentou aceder ao tribunal. Há a suspeita de que se trate de um atentado suicida.
Celina Leão, governadora interina do Distrito Federal, relatou que o incidente começou com a explosão de um veículo e que, em seguida, um homem tentou entrar no STF, tendo a explosão ocorrido nesse momento. “A explosão deu-se mesmo à porta do tribunal”, detalhou Leão, sublinhando a gravidade da situação.
A Polícia Federal, com o apoio do Comando de Operações Táticas e do Grupo de Intervenção Rápida, bem como peritos e o grupo antibombas, está a realizar uma investigação intensiva no local. Equipas de segurança foram mobilizadas para reforçar a proteção nas proximidades do tribunal e na Esplanada, onde também se localizam o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.
O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, entrou em contacto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o incidente e coordenar medidas de segurança. Barroso também conversou com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e com a governadora Celina Leão para articular uma resposta conjunta ao atentado.
Identidade do veículo e possível ligação com partido de Bolsonaro
A polícia identificou o proprietário do veículo envolvido na primeira explosão como Francisco Wanderley Luiz, conhecido por Tiu Fraca, um ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL), liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, nas eleições de 2020 em Rio do Sul, Santa Catarina. No entanto, a identidade do homem encontrado morto no local ainda não foi oficialmente confirmada pelas autoridades.
🚨VEJA: Câmera de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) gravou a ação de Francisco Wanderley Luiz, que morreu na noite de quarta-feira após detonar artefatos explosivos na Praça dos Três Poderes. pic.twitter.com/8c4J9BGVAT
— Hora da Fofoca (@horadafofocatv) November 14, 2024
Após o incidente, todo o pessoal do STF foi evacuado, e a segurança foi reforçada. A Agência Brasil relatou que as explosões foram ouvidas por volta das 19h30 (hora local, 23h30 em Portugal continental), ao final de uma sessão do tribunal. “Dois estrondos fortes foram ouvidos e, imediatamente, os juízes foram retirados do edifício em segurança”, informou a agência. As forças policiais e os bombeiros foram chamados para controlar a situação e prevenir novos riscos.
Em resposta ao ataque, o acesso à Esplanada foi temporariamente encerrado. A Secretaria de Segurança Institucional da Presidência da República também conduziu uma varredura minuciosa nas proximidades do Palácio do Planalto, assegurando que não havia ameaças adicionais. No momento do incidente, Lula não se encontrava no seu gabinete presidencial.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, reagiu de forma contundente, classificando o ataque como “um ataque às instituições e à democracia brasileira”. Através de um comunicado nas redes sociais, Pimenta reiterou a gravidade do ocorrido, sublinhando que “o veículo com explosivos pertence a um afiliado ao PL”. Afirmou ainda que “os especialistas provavelmente confirmarão que se trata da mesma pessoa que tentou entrar no STF e morreu na explosão junto ao tribunal”.
O ministro alertou para a crescente ameaça que a intolerância e o discurso de ódio representam para a sociedade brasileira, e apelou à unidade nacional na defesa da democracia. “A defesa da democracia, a luta contra a intolerância e a política de ódio, que tem contaminado setores da sociedade, tornam-se cada vez mais fundamentais. Não podemos naturalizar atos antidemocráticos. Seguiremos trabalhando pela reconstrução do país e pela unidade do povo brasileiro, e aqueles que se opuserem serão novamente derrotados”, concluiu.
O incidente em Brasília evidencia uma crescente tensão no país, com novos desafios à segurança das instituições democráticas. A investigação em curso, conduzida pela Polícia Federal e outras entidades de segurança, deverá trazer mais detalhes sobre os motivos e as eventuais conexões políticas do responsável pelo ataque.