Ativistas climáticos fecham edifício da Universidade Nova em Lisboa
A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH) recebeu, esta madrugava, nova ação de protesto dos estudantes, que reivindicam o fim ao fóssil até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025. Os estudantes fecharam um dos edifícios da faculdade, tendo barricado as portas esta madrugada, e encontram-se no interior, em protesto contra os combustíveis fósseis.
“O colapso climático está iminente, todos os relatórios científicos dizem que temos de mudar agora e rapidamente, ou será tarde demais. Os desastres climáticos são cada vez mais frequentes e continuamos a agir como se nada fosse. Isto é uma emergência e tem de ser tratada como tal”, alertou a porta-voz Beatriz Xavier. “É preciso visibilizar que estamos a estudar para um futuro que não vai existe se os Governos não forem obrigados a acabar com os combustíveis fósseis. É preciso para a nossa normalidade para garantirmos que eles nos garantem um futuro, não podemos continuar a ignorar este problema.”
“Somos o alarme de incêndio que nos está a avisar que temos de parar para nos podemos salvar, não podemos continuar a ignorar enquanto o fogo se alastra e estamos a ficar sem tempo”, salientou Beatriz Xavier. “Precisamos de ter coragem e determinação para soar o alarme. Hoje estamos na nossa escola, mas dia 24 rumamos ao Ministério do Ambiente para ocuparmos este local que representa a inação geral do nosso governo para resolver esta crise.”
Recorde-se que esta quinta-feira o protesto estudantil foi surpreendido pelo partido Chega, que entrou na faculdade para distribuir panfletos de propaganda contra a causa da justiça climática. “O Chega apresenta-se como uma alternativa ao sistema. Isto é mentira. Como se mostrou hoje eles são os cães de guarda do sistema fóssil, saindo para intimidar quem se opõe a este”, referiu Beatriz Xavier, porta-voz do movimento. A polícia foi chamada à faculdade a pedido do partido de extrema-direita e começou a identificar os estudantes, ameaçando detê-los, referiu o movimento, em comunicado.
“A verdadeira alternativa a este sistema que coloca o lucro à frente das pessoas é a justiça climática, baseada em princípios de democracia e igualdade. O ódio e sistemas de opressão que este partido representa são sintomas do sistema regido pelo mercado em que vivemos, e estão ao serviço deste”, indicou a responsável.
O movimento fim ao fóssil defende que deve ser feita uma “transição justa”, e que isto só pode ser alcançado através de um serviço público de energias renováveis. Na semana passada, deixaram no Ministério do Ambiente uma proposta de como este serviço pode garantir que este é o “Último Inverno de Gás”.
Os protestos estenderam-se a Coimbra, com os ativistas a atirarem tinta a um cartaz de greenwashing da universidade, denunciando que esta tem parcerias com empresas que financiam combustíveis fósseis.
Para a próxima sexta-feira está agendada uma “visita de estudo” ao Ministério do Ambiente, com o movimento a convocar toda a sociedade para se concentrar na Praça Camões, às 11 horas, afirmando que “não resistir é ser cúmplice”.
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